A 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição de Maria, o Paraguai comemora a festa de sua Padroeira, Nossa Senhora de Caacupê. Nesta grande data a missa solene é acompanhada por um coral de 150 jovens, uniformizados com botas azuis e gravatas brancas, preparados durante três meses para homenagear a querida Mãe Celestial.
Esta devoção teve origem em bonita lenda paraguaia, que conta o seguinte. Um índio guarani se encontrava em desespero, pois estava sendo perseguido por um grupo de índios embayaés, que queriam matá-lo. Certa manhã, quando se encontrava rachando lenha num morro perto da redução de Tobati, viu seus inimigos se aproximarem e não sabia como esconder-se. Lembrou-se então que a Virgem cultuada em sua vila pelos padres franciscanos o livraria do perigo e sentiu um vento suave sibilando aos seus ouvidos, como se alguém lhe dissesse para trepar em frondosa árvore, que se encontrava ali perto.
Subiu rapidamente para cima da árvore e seus perseguidores passaram por baixo sem vê-lo. No terrível momento de aflição, prometeu à Mãe Santíssima que, se Ela o salvasse, esculpiria uma imagem num galho da árvore que o protegera. Cumpriu então a sua promessa talhando duas efígies da Imaculada Conceição, uma delas maior, destinada à igreja de Tobati e outra menor, para sua devoção particular. Esta é a que se encontra em Caacupê.
Perto da taba guarani, havia uma fonte que fornecia o precioso líquido aos moradores da vizinhança. Por volta do ano 1600, por causa de uma falha geológica, ela se desdobrou de forma nunca vista, inundando as aldeias da região e semeando a desolação e a morte. Foi então que o missionário Padre Bolaños, "radiante de fé ante a majestade da catástrofe", levantou sua cruz de apóstolo e conjurou as águas embravecidas, dizendo: "Deste ponto não passará". O Tapaicuá se acalmou, recolhendo-se aos limites demarcados pelo Santo Sacerdote, formado assim o lago de Ipacaraí. Quando as águas se tranquilizaram, a população viu restos de choupana, cadáveres e árvores passarem por suas terras. De repente, um índio carpinteiro chamado José viu flutuar na correnteza estranho objeto de forma tubular. Lançou-se então às águas e o resgatou. Ante a curiosidade geral começou a abrí-lo, encontrando, depois de separados vários envólucros, uma imagem da Virgem Maria protegida por flocos de algodão. Todos os presentes a identificaram como sendo a efígie talhada pelo índio guarani, pois conheciam a sua história.
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Alguns anos depois, o índio José foi encarregado pelo padre da redução missioneira para buscar madeira nos montes Caacupé, situados nas proximidades. José se encantou com o lugar e ali se estabeleceu com sua família, construindo ao lado de sua moradia um pequeno oratório, onde colocou a Virgem Milagrosa. A devoção à "Virgencita" se espalhou rapidamente devido aos milagres e favores obtidos por seus devotos.
A notícia dos favores concedidos pela Virgem Maria a seus devotos trouxe à localidade grande número de peregrinos, que chegaram de diversos lugares. Caacupê se transformou no Centro Religioso da Colônia Morpfi. Dom Carlos Antonio López a elevou a freguesia e seu primeiro pároco foi o padre Juan José Jimenez.
Em uma noite de tempestade, no ano de 1852, um raio reduziu a cinzas o cortinado que cobria o camarim da Virgem e a pintura de seu rosto ficou seriamente danificada. Este acontecimento produziu grande consternação entre o povo, que o considerou um mau presságio, confirmado mais tarde pela guerra da Tríplice Aliança (Guerra do Paraguai). A imagem foi restaurada em 1855 pelo pintor Manuel Marcos, natural de Assunção, permanecendo como é admirada hoje em dia.

A festa da Senhora de Caacupê é a mais importante do país. Tem início no dia 28 de novembro com uma novena que termina na data da Padroeira. No início das festividades os festeiros soltam uma cópia da imagem da "Virgencita" presa a enorme bexiga de ar, amarrada a outras menores. No lugar em qeu ela cair, levada pelo vento, o povo a transporta para o altar da capela local, onde é rezada solene missa na data consagrada à Imaculada Conceição de Maria.
No dia 8 de dezembro, desde a maia noite até o amanhecer, todos os artistas paraguaios cantam serenatas em louvor à Santa Protetora, terminando com a celebração dos Ofícios Divinos às 6 horas da manhã, seguidos de uma procissão de despedida. Muitos devotos vem de longe para a cerimônia religiosa, cumprindo promessas pelas graças recebidas. Os romeiros caminham cantando e rezando todos juntos como irmãos, até o lugar da igreja, oferecendo seu sacrifício e demonstrando sua fé na milagrosa Padroeira.

Nossa Senhora de Caacupé é a Estrela, a Rainha e a Mãe de todo o povo paraguaio, cujo país nasceu sob o signo da Virgem Maria. Em seus 400 anos a formação de sua nacionalidade. Caacupê não é apenas um centro religioso, mas sim a capital espiritual do Paraguai.
ORAÇÃO:
Santíssima Mãe de Deus e nossa Mãe,
do Santuário de Caacupê
cobri com vosso manto protetor
vossos devotos e todo o Paraguai.
Intercedei por nossos pais,
benfeitores,
pelos desvalidos
e todos os que necessitem
de perdão e misericórdia.
Protegei a nossa Santa Mãe Igreja
e alcançai luz aos magistrados
para que façam justiça
e haja paz entre os homens.
Depois da graça particular que pedimos,
alcançai-nos também a graça maior
de perseverar em nossa fé
e no vosso amor,
para assim merecermos
a realização da promessa
que nosso Senhor Jesus Cristo
nos fez quando disse:
"Aquele que persevera até o fim se salvará".
A vós pois,
Mãe querida,
clamamos para que nos obtenhais tão singular favor.
Amém.