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sexta-feira, 15 de abril de 2022

62-NOSSA SENHORA MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS, 31 DE MAIO


    Existem atualmente 4 dogmas universais referente a Santíssima Virgem Maria: 
Imaculada Conceição, que proclama que a Virgem Maria foi concebida desde o primeiro instante sem a mancha do pecado original.  
Virgindade Perpétua, que proclama a Virgem Maria sendo Virgem antes, durante e após o parto de Jesus.
Maternidade Divina, que proclama que a Virgem Maria verdadeiramente é Mãe de Deus.
Assunção, que proclama que a Virgem Maria foi elevada pelos anjos de corpo e alma ao Céu.
    Todo o fiel católico é obrigado por fé a professar essas verdades e duvidar ou negar uma delas é um desligamento automático da fé católica.
    Para o autor do Blog, embora a Mediação de Maria como Medianeira de todas as graças AINDA não seja proclamada como um dogma, é uma verdade tão natural que é apenas uma questão de tempo para ser proclamado, pois condiz com os ensinamentos dos doutores e dos papas ao longo da história, tendo até festa solene celebrada em 31 de maio em toda a Igreja. 
    O título de Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças tem fundamento litúrgico. Entendemos que Jesus Cristo é nosso Salvador e único mediador entre Deus e seus Filhos. Porém também nos é conhecido o fato de que Jesus concedeu a alguns, o dom de interceder por nós junto ao Pai. Assim, a Comunhão dos Santos nos traz a certeza de que os bons de coração, já neste mundo, servem como mediadores de nossas súplicas quando oram por nós e, uma vez no céu, com mais propriedade intercedem por nós. 

    No caso de Maria, Mãe de Deus e nossa, este fato ganha maiores proporções. O papel que Maria desempenhou em nossa redenção, desde  seu "sim", até o momento em que Jesus, já na Cruz, entregou-a ao discípulo que tanto amava e disse: "Eis aí tua mãe". Maria foi proclamada por Jesus, Deus vivo, a Mãe de toda a humanidade. Depois da Crucificação, Maria acompanhou os Apóstolos, aconselhando-os, dirigindo-os e sempre intercedendo pelos homens. 

    Maria foi proclamada Rainha dos céus e da terra, pois está acima de todos. Depois da Encarnação do Verbo ela é, sem dúvida nenhuma, a maior e mais santificada Obra de Deus Pai. Portanto, pela Santíssima Virgem como mediadora universal de todas as graças derramadas por Deus sobre nós. A cooperação de Maria na salvação das almas e a sua maternidade espiritual, a fazem mais do que  merecedora do título Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças.

    No ano de 1921 o Papa Bento XV, instituiu a festa de Nossa Senhora, Medianeira de Todas as Graças.

    O Papa Leão XIII disse: "Era designo de Deus, que após ter Maria, servido de intermediária no mistério da Redenção, continuasse igualmente a ser intermediária das graças que esse mistério faria correr em todos os tempos. A sua festa é celebrada no dia 31 de maio".

    Mas foi no ano de 1921 que o papa Bento XV instituiu a festa dedicada a ela. Por isso, o Cardeal Primaz da Bélgica, Dom Mercier, teve a inspiração de criar o ícone de Nossa Senhora Medianeira. A imagem, pintada por uma freira franciscana chamada Angelita Stefani, é rica em significados e contém toda a teologia da Mediação de Nossa Senhora. 
O ícone de Nossa Senhora Medianeira é dividido em três partes: acima de tudo está a Santíssima Trindade; abaixo vemos Nossa Senhora e, aos pés dela, a terra com o sol e a lua. Assim, numa visão geral, vemos que a Virgem Maria está "entre" Deus e a terra, "entre" Deus e a humanidade. O ícone, porém, tem vários outros símbolos cheios de significados e mensagens.

Os símbolos na Santíssima Trindade
O círculo
    A Trindade está dentro de um círculo. O círculo simboliza a eternidade, pois é uma figura geométrica que não tem começo nem fim. Assim é Deus: não tem princípio nem fim. Ele é o princípio de todas as coisas.
Os raios que saem do círculo
    Os raios que saem do círculo simbolizam a glória de Deus. Várias passagens bíblicas falam da glória de Deus; que Deus habita uma luz inatingível e que o ser humano não suportaria ver a glória de Deus. Esta glória infinita provém do amor e da beleza infinita de Deus.
As letras Alfa e Ômega dentro do círculo

Alfa e ômega 
    São duas letras gregas que simbolizam o princípio e o fim e nos falam que Deus é o Princípio e o Fim de todas as coisas.

A figura do Pai
    A coroa do pai nos fala que Ele é Todo Poderoso, tem todo o poder, é o criador de todas as coisas. Os cabelos e a barba branca do Pai simbolizam a sabedoria e a eternidade de Deus. A túnica branca simboliza a pureza e a perfeição de Deus, pois nEle não existem manchas ou imperfeições. O manto vermelho do pai simboliza o sangue de deu Filho, Jesus, entregue pela humanidade.

A pomba " Espírito Santo
    A pomba no peito do Pai simboliza o Espírito Santo, que é o amor entre o Pai e o Filho, sendo a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Estando sobre a cruz de Jesus significa que Ele guiou os passos de Cristo até sua entrega total na cruz.

Cristo Crucificado
    O Cristo crucificado também está dentro do círculo. Portanto, é Deus. É a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Estar crucificado dentro do círculo da eternidade significa que o sacrifício de Cristo na cruz é para sempre e sempre atual. Observe que o Pai segura a cruz de Cristo com as mãos, simbolizando que o Pai recebe o sacrifício de seu Filho pela nossa salvação.

Os seis anjos abaixo do círculo
    Os seis anjos representam a criação. O número seis é o número da criação, pois Deus criou todas as coisas em seis dias. Estando em volta do círculo na sua parte inferior, significa que toda a criação presta louvor e adoração Deus.

A imagem de Nossa Senhora Medianeira
A frase de São Bernardo

    Na altura do rosto da Virgem Maria há uma frase de São Bernardo escrita originariamente em Latim e traduzida para o português. Ela diz: 'A vontade de Deus é que recebamos tudo por Maria'. Esta frase encerra toda a teologia da Mediação de Nossa Senhora. Foi através dela que Jesus Cristo se fez humano e conquistou para nós a salvação.

Os raios de Nossa Senhora Medianeira
    Os raios simbolizam as graças que chegam até nós pela mediação de Nossa senhora Medianeira. Eles saem da cruz de Cristo, simbolizando que todas as graças nos vem pelos méritos da paixão, morte e ressurreição de Jesus. As graças vem de Deus e não de Maria. Depois, os raios saem dos braços abertos da Virgem Maria e descem para a terra, simbolizando que a Virgem Maria é despenseira, distribuidora das graças de Deus. Este símbolo é ligado ä imagem de Nossa Senhora das Graças e tem o mesmo significado.

A coroa de Nossa Senhora Medianeira
    A coroa de Nossa Senhora Medianeira simboliza que ela é Rainha do céu e da terra.

A túnica rosa de Nossa Senhora Medianeira
    A túnica rosa de Nossa Senhora Medianeira simboliza a alegria da salvação que ela ajudou a trazer e a alegria das graças que ela transmite para a humanidade.

O manto marrom amarrado à cintura de Nossa Senhora Medianeira
    O manto marrom amarrado à cintura de Nossa Senhora Medianeira simboliza que ela se coloca numa posição de serviço e humildade. O Marrom é a cor da humildade. Ao se tornar 'Medianeira', Nossa Senhora quer servir à humanidade, pois ela ama a todos e quer que todos recebam as graças maravilhosas que Deus tem reservadas para nós.

O sol e a lua aos pés de Nossa Senhora Medianeira
    O sol e a lua simbolizam o tempo, ao contrário da eternidade. Aos pés de Nossa senhora significa que a Mediação de Maria acontece em favor de nós que ainda não estamos na eternidade com Deus. Quando estivermos lá, na visão da felicidade eterna, junto com Maria, não precisaremos mais desta mediação, mas teremos atingido o objetivo de nossas vidas e o objetivo das graças que a Virgem Maria transmite, que é chegar ao céu.

    A veneração à Virgem Maria nasceu com os cristãos primitivos. A partir do século IV, o culto à sua intercessão alcançou toda a cristandade. A crença no poder de mediação de todas as graças da Mãe junto ao Filho de Deus, teve origem no próprio Evangelho.
    Ele revela que Maria cooperou com o Plano de Deus desde a Encarnação até a Redenção; Plano este que é Cristo Jesus. Revela que foi intermediária entre Jesus e São João Batista, santificado antes de nascer. Também revela que, o próprio Filho quis associar a Mãe na tarefa da reparação da Humanidade. Finalmente revela que o Espírito Santo desceu sobre a Virgem Maria e os apóstolos quando rezavam no cenáculo, momento solene do nascimento da Igreja. Assim, por sua maternidade divina, Maria se tornou Corredentora, obteve a função de Medianeira e se tornou Mãe da Igreja, da qual ela é o modelo perfeito.
    A devoção também chegou no Brasil e no sul do país ganhou enorme expressão. Em 1928, foi introduzida no Seminário São José, da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, através de um santinho recebido da Bélgica por Pe. Inácio Valle. Dois anos depois, diante da eminência de uma luta armada na cidade de Santa Maria, um pequeno grupo de romeiros foi a igreja do Seminário São José orar pela intervenção de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. Logo em seguida a demanda foi resolvida sem confronto.
    O povo, organizou uma romaria maior e se dirigiu a igreja do Seminário para agradecer a proteção da Mãe Medianeira. A romaria cada vez maior se repetiu todos os anos. Hoje é a manifestação religiosa popular mais tradicional, antiga e numerosa do Rio Grande do Sul.

ORAÇÃO 

Agradeço-Vos meu Deus, o novo dia que para mim desponta. 

Pelas mãos de Maria Medianeira, minha Mãe do Céu, 

aceitai as minhas alegrias e dores, 

minhas esperanças e desenganos,

minhas folgas e meu trabalho de hoje, 

em remissão de meus pecados, 

para a felicidade de meu próximo e pelas almas do purgatório.

Fazei, Senhor, que aumente em minha alma

o amor a Deus sobre todas as coisas

e ao próximo como a mim mesmo.

Faço intenção de lucrar todas as indulgências

aplicadas a meus atos de piedade neste dia, 

a fim de que a sinceridade e a bondade do meu coração

caracterizem todos os meus pensamentos,

todas as minhas palavras e todas as minhas obras

deste dia que vou começar.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Amém!

domingo, 17 de janeiro de 2021

61-NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES (LISBOA-PORTUGAL), DIA 13 DE MAIO

Dom Afonso Henriques, primeiro monarca português, via com grande mágoa tremularem as bandeiras muçulmanas, com suas luas, na cidade de Lisboa, e o desejo de libertar a cidade do jugo odioso dos inimigos de sua fé aumentava dia a dia. Um dia, quando estava entregue a esses pensamentos, eis que surge, no oceano, a verdadeira Estrela do Mar, Maria Santíssima, que, representada em uma imagem, vem acompanhando uma armada de cruzados, composta de alemães, franceses e ingleses. Vinham dos portos do norte com o fim de resgatar a Terra Santa do poder dos bárbaros e, inesperadamente, por disposição divina, chegaram à costa de Portugal.
        O piedoso monarca, depois de saber qual era o fim daquela armada, os convida à conquista de Lisboa, porque, explicou-lhes ele, seria muito do agrado do Senhor contribuírem para a exaltação da santa religião. Os cruzados aceitaram o convite e se dispuseram para a batalha, de cujo resultado não duvidou o rei, quando soube que eles traziam na armada, como sua protetora, uma imagem de Nossa Senhora.
        Deixando, pois, as naus, os cruzados desembarcaram nas praias de Lisboa, conduzindo igualmente para terra a sagrada imagem, que desde o princípio da viagem lhes havia servido de consoladora companhia. Cheio de júbilo por possuir em seu arraial tão precioso tesouro, o rei Afonso, confiando firmemente na proteção da Santíssima Virgem, fez o voto de erigir em sua honra um santuário, que manifestasse seu reconhecimento, se por intercessão de tão poderosa protetora conseguisse a esperada vitória.
        Quando o rei formava o plano do grande ataque, que havia de decidir a conquista de Lisboa, inesperadamente é informado de que um reforço considerável de infiéis avançava pelo lado de Sacavem, com o fim de socorrer os irmãos de armas e malograr os projetos do rei. Longe, porém, de se aterrar com a inesperada notícia, o rei julga-a como feliz anúncio de suas futuras vitórias, porque escudado com a proteção de Maria Santíssima, Senhora nossa, nada tem a temer dos sectários de Mafoma: sai ao encontro do tal reforço, e tão valorosamente o investe que muitos dos inimigos são abatidos, sendo derrotados, aqueles que pouco antes esperavam a vitória. O rei Afonso reconhece no feliz resultado desse primeiro conflito a proteção visível da Santíssima Virgem e, em solene testemunho de gratidão, manda ali mesmo edificar uma pequena capela em honra de Maria Santíssima.
        Na tomada de Lisboa, os soldados de Afonso com seus aliados foram novamente auxiliados pela puríssima Mãe de Deus, que os protegeu até entrarem na posse da sede da monarquia dos lusos, cujas portas lhes foram gloriosamente abertas no dia 25 de outubro de 1147, dia memorável em que, entrando em Lisboa o exército vencedor, os cristãos, prostrados diante da verdadeira Judite, sua libertadora, representada naquela imagem, a saudaram agradecidos – Tu és a glória de Lisboa, a alegria de seus habitantes, a honra do povo português.
        Libertada Lisboa do bárbaro jugo pela poderosa proteção de Maria Santíssima, o rei tratou zeloso do bem-estar daqueles generosos cruzados que tanto o haviam ajudado em sua conquista, e, não se esquecendo dos mortos, procurou um lugar decente em que pudessem ser sepultados os corpos daqueles a quem a piedade dos fiéis já chamava mártires, por terem dado com a vida um testemunho de sua fé.              Benzido o terreno, foram sepultados os restos mortais dos devotos guerreiros falecidos na batalha, e os sobreviventes construíram uma capela para a qual transladaram a imagem de Nossa Senhora. E, para maior veneração da Santíssima Virgem, edificaram na proximidade da capela umas pequenas celas para habitação dos vários sacerdotes ingleses, a quem presidia o venerável sacerdote Gilberto, com o fim de se empregarem cotidianamente nos louvores da Mãe de Deus.
        Logo depois, tratou o agradecido monarca de dar cumprimento fiel ao voto que tinha feito à Santíssima Virgem: manda levantar em seu louvor um santuário dedicado à Mãe de Deus com a invocação ou título de Nossa Senhora dos Mártires, para que ali fosse colocada a veneranda imagem, por ser o templo edificado no lugar em que estavam sepultados os valorosos cristãos que haviam morrido em defesa da fé e eram chamados mártires.
        O rei esmerou-se na construção desse santuário, que seria santificado pela real presença de Deus e aformoseado com a imagem de sua Mãe Santíssima. Os muitos terremotos que lastimosamente se fizeram sentir em Lisboa, em diferentes ocasiões, arruinaram mais de uma vez esse majestoso santuário, que sempre foi reparado.
        A última reconstrução foi concluída em 18 de março de 1774, e nesse mesmo dia transladou-se para lá a imagem de Nossa Senhora dos Mártires, que ali está até hoje. Esta é a origem do título Nossa Senhora dos Mártires, que por outros motivos já lhe era sumamente glorioso, porque, sendo ela a Mãe do maior dos Mártires, Nosso Senhor Jesus Cristo, sua alma santíssima sentiu todos os tormentos da paixão de seu Filho, e a ímpia lançada, que o Filho morto já não sentiu, foi cravada em sua puríssima alma.
É a Rainha dos Mártires, como lhe chama a Santa Igreja, porque por seu martírio inigualável, é a fortaleza dos mártires em seus combates, e a consoladora dos que vivem martirizados pelos trabalhos e sofrimentos desta triste vida, e, nos dias de hoje, acrescentemos nós, é a fortaleza e a consoladora dos que vivem martirizados ou martirizados morrem por sua fé, pela crueldade dos desumanos inimigos de Deus e de nossa Santa Religião.
É grande a devoção dos portugueses a Nossa Senhora dos Mártires. 
(Resumo do folheto Novena em obséquio a Nossa Senhora dos Mártires, cuja imagem é venerada na real paróquia de mesmo nome em Lisboa; impresso em 1889.).

ORAÇÃO
Ó Rainha dos Mártires, Virgem Poderosa,
meu refúgio e meu auxílio.
Eu me recomendo a vós, para que olheis
com vossos olhos de Mãe bondosa, 
por minha vida e minhas necessidades.
Fostes a guardiã dos que lutavam contra a heresia.
Fostes a protetora dos que venceram pela fé.
Sede assim, ó misericordiosa Mãe,
a minha defensora contra os inimigos.
Dai-me forças para vencer os obstáculos 
que me impedem de prosseguir com a vida.
Sede o meu consolo nas horas de angústia
e meu socorro nos momentos de aflição.
Ó Nossa Senhora dos Mártires,
intercedei por mim junto a Deus Pai Todo-Poderoso,
e fazei-me merecedor da Sua misericórdia.
Assim seja.
Amém!



segunda-feira, 30 de março de 2020

54-NOSSA SENHORA DO LÍBANO, PADROEIRA DO LÍBANO, PRIMEIRO DOMINGO DE MAIO

"Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano e serás coroada..." (Cântico dos Cânticos:4,8).

        O Líbano, também chamado "O País dos Cedros", é segundo a Bíblia a terra onde correm o leite e o mel. Em árabe seu nome significa leite e em siríaco é sinônimo de brancura. 
        É constituído por duas cadeias paralelas de montanhas, que correm na direção norte-sul, sendo a que ladeia o Mediterrâneo conhecida pelo nome de Monte Líbano. Antigamente ela era coberta de espessas florestas de cedros, madeira muito apreciada na Antiguidade, que foi exportada para a Palestina e utilizada na construção do templo de Jerusalém.
        Pastores bíblicos lá estiveram com suas cabras e ovelhas e Nosso Senhor Jesus Cristo, quando na chamada Terra de Tiro e Sidon libertou um possesso do demônio, descansou demoradamente o seu olhar nas cristas daquelas serras. Diz antiga lenda que, no cimo do Annaua, São Miguel entregou a Set, filho de Adão, para ali plantar, um ramo da árvore da misericórdia... Foi também com embarcações de cedros que os fenícios, sulcaram o mar Mediterrâneo em todas as direções e atingiram o Oceano Atlântico, chegando às ilhas de Cabo Verde e até mesmo à Grã-Bretanha. 
        A Bíblia Sagrada, no livro de Isaías, nos fala: "O Líbano cairá com seus altos cedros" (19,34) e "a glória do Líbano lhe será dada" (Isaías:35,2).
Existe uma grande devoção dos libaneses por Nossa Senhora. 
        A devoção a Nossa Senhora do Líbano remonta aos primeiros séculos da Igreja, mas sua história inicial não é conhecida, os antepassados dos libaneses, chamados fenícios conheceram Maria pessoalmente. 
        A proteção da Virgem e de São Maron salvou o Líbano de muitos perigos, conservando a sua autonomia no decorrer dos séculos e confirmando seus habitantes na fé católica.
São Maron, no século V presenteou o povo libanês com um conjunto de leis civis e religiosas que formam o rito maronita. 

        Acima a imagem do Cedro do Líbano e a bandeira do País.
        No dia 08 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX proclamou solenemente o dogma da Imaculada Conceição, isto é, a Virgem Maria foi concebida no seio de sua mãe sem a mancha do pecado original. A grandeza deste evento teve uma consonância extraordinária no mundo cristão. Espalhou a alegria e a tranquilidade em muitos países, dissipando assim os combates dos teólogos que debatiam sobre a Imaculada Conceição de Maria desde o século XII.
        Cinquenta anos mais tarde, a Igreja Católica celebrou o jubileu de ouro do estabelecimento deste dogma. Nesta ocasião o Patriarca Maronita e o Núncio Apostólico no Líbano e Síria, de comum acordo, inspiraram aos Libaneses um impulso de fé e de entusiasmo para homenagear a Virgem Maria. Tiveram a ideia de erguer um monumento religioso para perpetuar a lembrança da confirmação do dogma da Imaculada Conceição e para destacar o amor do povo libanês a Maria Santíssima, através de todos os séculos e por todas as gerações.
        À margem do Mediterrâneo, no cume da montanha do Hariça, defronte da baía de Djuniche e Beirute, foi construído seu monumento, que mede 30 metros de altura. Esse monumento de Nossa Senhora do Líbano foi erguido em 1910, por iniciativa do grande patriarca maronita monsenhor Elias Pedro Hoayeck. Sob esse monumento está o santuário de Nossa Senhora do Líbano, continuamente visitado por milhares de fiéis que vêm de todo o Oriente e também da Europa. É um templo para comemorar o cinquentenário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição.
        Após consultar Bispos, padres e leigos, os responsáveis religiosos decidiram chamar o monumento pelo nome de Nossa Senhora do Líbano. A opinião de vários engenheiros e arquitetos deu como resultado a escolha do lugar chamado "O Rochedo", na pequena aldeia de Harissa. Este Rochedo é uma maravilhosa colina com vista belíssima ao mar e a Beirute. Além disso, o lugar escolhido fica perto da Nunciatura Apostólica, de Bkerke, residência do Patriarca Maronita, de Charfe, residência do Patriarca sírio-católico e não longe de Bzummar, residência patriarcal dos Armênios católicos.
        Podemos crer que a Providência inspirou aos responsáveis a escolha desta colina que simboliza, por sua beleza, a magnificência e a santidade da Virgem Maria, Senhora do Líbano.          Neste lugar alto eleva-se um belo Santuário com uma estatua artística da mãe de Deus, a Imaculada Conceição.
        A construção, iniciada no ano de 1904, foi inaugurada em 1908. O belo monumento é composto por uma capela circular, com o formato de uma torre, rodeada por longa rampa em espiral. Sobre o santuário encontra-se uma imagem da Imaculada Conceição, mandada fazer na França e pesando cerca de 14 toneladas. Este templo é continuamente visitado por milhares de fiéis procedentes de todo o Oriente e também da Europa, que vêm agradecer a Nossa Senhora do Líbano os inúmeros milagres e graças alcançadas em seu intermédio.
        Em 1954, o Papa João XXIII, então Cardeal, coroou solenemente a estátua de Nossa Senhora do Líbano, por ocasião do cinquentenário de sua construção e do centésimo aniversário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição.
        A estátua feita de bronze e pintada de branco, veio da França, da cidade de Leon. Sua altura é de 8 metros e meio, com 5 metros de diâmetro e pesa quinze toneladas. Uma verdadeira obra prima de extraordinária beleza A Virgem com as mãos estendidas e abertas para o mar (Bahia de Junieh) e a capital Beirute.
        A base da estátua foi construída de pedra natural, a sua altura é de 20 metros, sua circunferência inferior é de 64 metros e a superior de 12 metros. Uma escada em colimação de 110 degraus leva os peregrinos até o cume aos pés da estátua.
        Terminada a construção do Santuário e as praças preparadas, a inauguração foi marcada para o primeiro Domingo de Maio de 1908. Desde a madrugada daquele dia histórico, inumeráveis multidões chegavam de toda parte do Líbano com as suas bandeiras e confrarias. Assim, todas as praças, as ruas e todos os lugares vizinhos estavam transbordando de fiéis devotos à Virgem Maria. As dez horas, o Núncio Apostólico Frediano Gianini começou a cerimônia religiosa, benzendo o Santuário e a estátua.
        Em seguida, o Patriarca Elias Hoyek com vários Bispos e sacerdotes celebraram a Missa Pontifical. O Governador geral do Líbano foi representado pelo Comandante chefe do exército libanês, Barbar Khazen. Em seu sermão o Patriarca destacou sobre tudo o Amor e a devoção particular dos Libaneses para a Virgem Maria, através de todos os tempos.
        No final do Ofício divino, a cerimônia foi encerrada por uma procissão do Ícone de Nossa Senhora do Líbano na grande praça do Santuário. Naquele momento O Patriarca declarou que o primeiro Domingo de maio será a festa anual de Nossa Senhora do Líbano.
        Para melhor transportar os peregrinos, foram construídos quarenta teleféricos, que partem da cidade de Djuniche, situada à beira-mar, e se dirigem à montanha do santuário, descortinando aos olhos dos transeuntes um esplêndido panorama.
        Nossa Senhora do Líbano possui muitos devotos no Brasil, principalmente entre os membros da colônia libanesa. Existem templos dedicados a Nossa Senhora do Líbano em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Juiz de Fora.
        Em 1931 o cardeal dom Sebastião Leme inaugurou solenemente seu templo no Rio de Janeiro, e desde então se tem levantado a proeira dos libaneses em várias cidades do Brasil. 

ORAÇÃO
Ó Maria, rainha dos montes e dos mares, 
Senhora do nosso querido Líbano, 
cuja glória te foi dada, 
tu quiseste que ele seja o teu símbolo.
O teu brilho supera o da neve do Líbano 
e o perfume da tua pureza 
espalha-se como o perfume das flores do Líbano. 
Tu te elevaste majestosa 
como o cedro do Líbano.
A ti pedimos, ó Virgem, 
volve o teu materno olhar 
para todos os teus filhos e, 
estendendo as tuas imaculadas mãos, 
abençoa a todos eles.
Amém

sábado, 1 de fevereiro de 2020

49-NOSSA SENHORA DE FÁTIMA (PADROEIRA DA GUIANA E SURINAME), 13 DE MAIO

       
       Quem não conhece a famosa melodia:

"A treze de maio na Cova da Iria, No céu aparece a Virgem Maria. Ave, Ave, Ave Maria!"?

       Esse é um resumo da incrível história de Nossa Senhora, que apareceu em Fátima, Portugal no início do século XX. Sua origem é dos nossos dias. A primeira aparição foi em 13 de maio de 1917 e as seguintes em 13 de junho, 13 de julho, 15 de agosto, 13 de setembro e 13 de outubro do mesmo ano.
       Fátima é uma pequena paróquia da diocese de Leiria, a uns 100 km ao norte de Lisboa, quase no centro geográfico de Portugal.
       As aparições de Nossa Senhora em Fátima foi precedida pelas aparições do Anjo de Portugal.

PRIMEIRA APARIÇÃO DO ANJO

       Na primavera de 1916, as 3 crianças estavam na Loca do Cabeço (Fátima) a pastorear, junto com três outras meninas. As quatro (Lúcia e as outras três), viram, sobre o arvoredo do vale, uma espécie de nuvem alvíssima com forma humana...
       "uma figura, como se fosse uma estátua de neve, que os raios do sol tornaram ainda mais transparente", segundo as palavras de Lúcia. Esta aparição repetiu-se duas vezes, em dias diferentes.
       Em outro dia, Lúcia, Jacinta e Francisco abrigaram-se de uma chuva fina, o Anjo apareceu claramente.
       Viram um jovem de mais ou menos 14 ou 15 anos, mais branco que a neve, ao qual relata Lúcia:
       “Ao chegar junto de nós, disse:
-Não temais! Sou o Anjo da Paz, Orai comigo.
Ajoelhou-se em terra, curvou a fronte até ao chão e fez-nos repetir três vezes estas palavras:
-Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Depois, ergueu-se e disse:
-Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.
E desapareceu.
A atmosfera sobrenatural que nos envolveu- continua Lúcia- era tão intensa que quase não nos dávamos conta da própria existência por um grande espaço de tempo. Permanecemos na posição em que o Anjo nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera, que só muito lentamente foi desaparecendo".

SEGUNDA APARIÇÃO DO ANJO


     No verão de 1916, quando os três pastorinhos brincavam no quintal da casa dos pais de Lúcia, junto de um poço, apareceu-lhes novamente o Anjo, que lhes disse, segundo Lúcia:

"-Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
- Como nos havemos de sacrificar?- perguntei.
-De tudo o que puderdes, oferecei a Deus sacrifícios, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar."

TERCEIRA APARIÇÃO DO ANJO

       No fim do verão do mesmo ano, na Loca do Cabeço novamente, deu-se a última aparição do Anjo, a qual narra Lúcia:
"Depois de termos merendado, combinamos de ir rezar na gruta, que ficava do outro lado do monte. (...) Logo que aí chegamos, de joelhos, com rosto em terra, começamos a repetir a oração do Anjo: 'Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos, etc.' Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vimos que sobre nós brilhava uma luz desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vimos o Anjo tendo na mão esquerda um cálice, sobre o qual estava suspensa uma Hóstia, da qual caíam algumas gotas de Sangue para dentro do cálice".
       O Anjo deixou o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra junto das crianças e fê-las repetir três vezes a oração:
       "-Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores".
       Depois, levantou-se, deu a Hóstia a Lúcia, e o cálice, deu-o a beber ao Francisco e a Jacinta, dizendo:
       "-Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos! Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
E, prostrando-se de novo em terra, repetiu conosco outras três vezes a mesma oração: 'Santíssima Trindade... etc.' e desapareceu.
Nós permanecemos na mesma atitude, repetindo sempre as mesmas palavras; e quando nos erguemos, vimos que era noite e, por isso, horas de virmos para casa."
       As palavras do Anjo produziram profunda impressão nas três crianças, as quais, a partir de então, começaram a ter uma assídua vida de oração e passaram a oferecer sacrifícios para expiar pelos pecadores.
       Nossa Senhora apareceu a Lúcia de Jesus e seus primos Francisco e Jacinta Marto, de 10, 9 e 7 anos respectivamente, três crianças de Aljustrel, lugarejo pertencente à freguesia de Fátima.
       Os três pequenos levavam com frequência, para a cova da Iria, os pequenos rebanhos de seus pais, porque nesse lugar, a uns 3 km de Fátima, os pais de Lúcia tinham um pequeno talho de terra inculta, com algumas azinheiras.

PRIMEIRA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
13 DE MAIO DE 1917
     
        De súbito, durante o inocente recreio, as três crianças viram algo como um clarão de relâmpago, que as surpreendeu. Olharam para o céu, para o horizonte e, depois, umas para as outras: estavam mudas e atônitas, o horizonte permanecia limpo e o céu luminoso e sereno. Que seria?
        Mas já Lúcia, sempre com certa voz de mando, ordenou:
       -Vamos embora, que pode vir trovoada.
       -Pois vamos-disse Jacinta.
     Chamaram o rebanho, tocaram-no e desceram pela direita. A meio caminho, entre o monte deixado e uma azinheira grande que tinham pela frente, viram um segundo relâmpago.

       Com redobrado susto apertaram o passo, continuando a descer. Porém, mal haviam chegado ao fundo da "Cova", pararam, confusos e maravilhados: ali, a curta distância, sobre uma carrasqueira de um metro e poucos centímetros de altura, aparecia-lhes a Mãe de Deus.

       Segundo as descrições da Irmã Lúcia, era "uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente". Seu semblante era de uma inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura. Como descrever em pormenores seus traços? De que cor os olhos, os cabelos dessa figura celestial? Lúcia nunca o soube dizer ao certo!
       O vestido, mais alvo que a própria neve, parecia tecido de luz. Tinha as mangas relativamente estreitas e era fechado no pescoço, descendo até os pés, os quais, envolvidos por uma tênue nuvem, mal eram vistos roçando as franças da azinheira. Um manto lhe cobria, também branco e orlado de ouro, do mesmo comprimento que o vestido, envolvendo-lhe quase todo o corpo. 
"As mãos, trazia-as juntas em oração, apoiadas no peito, e da direita pendia um lindo rosário de contas brilhantes como pérolas, terminando por uma cruzinha de vivíssima luz prateada. (Como) único adereço, um fino colar de ouro-luz, pendente sobre o peito, e remando, quase à cintura, por uma pequena esfera do mesmo metal".
        O que se seguiu é assim relatado pela Irma Lúcia:
       "Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava, ou que Ela espargia. Talvez a metro e meio de distância, mais ou menos. Então, Nossa Senhora disse-nos:
-Não tenhais medo, Eu não vos faço mal.
-Donde é vossemecê?- Lhe perguntei.
-Sou do Céu.
-E que é que Vossemecê me quer?
-Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
-E eu também vou para o Céu?
-Sim, vais.
-E a Jacinta?
-Também.
-E o Francisco?
-Também, mas tem que rezar muitos Terços.
Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e (frequentavam) minha casa (para) aprender a tecer com minha irmã mais velha.
-A Maria das Neves já está no Céu?
-Sim está.
-E a Amélia?
-Estará no Purgatório até o fim do mundo. Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?
-Sim queremos.
-Ide, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
       Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus...etc.), que (ELA) abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que um reflexo que delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso íntimo, também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: 'Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento'.
       Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: 'Rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra'.
       Em seguida, começou a elevar-Se serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho através dos astros, motivo pelo qual alguma vez dissemos que víamos abrir-se o Céu".
     Depois que a Aparição se eclipsou no infinito do firmamento, os três pastorinhos permaneceram em silêncio e pensativos contemplando longamente o Céu. Aos poucos, despertaram daquele estado de êxtase que os havia colhido. Ao seu redor, a natureza voltara a ser o que era antes. O sol continuava a dardejar seus raios sobre a terra, e o rebanho, espalhado, deitara-se à sombra das azinheiras. Tudo era quietude na serra deserta.
       A celeste Mensageira deixara nas crianças uma deliciosa impressão de paz e alegria radiante, leveza e liberdade. Parecia-lhes que poderiam voar como pássaros. De tempos em tempos, o silêncio em que tinham caído era cortado por esta jubilosa exclamação de Jacinta:
       -Ai! que Senhora tão bonita! Ai! que Senhora tão bonita!
       Nesta, como nas outras aparições, a Virgem Santíssima falou apenas com Lúcia. Jacinta só ouvia o que Ela dizia. Francisco, porém, não A ouvia, concentrando toda a sua atenção somente em vê-la.                
        Quando as duas meninas lhe relataram o diálogo acima transcrito, e a parte que a ele tocou, encheu-se de grande alegria. Cruzou as mãos acima da cabeça e exclamou em alta voz:
       -Ó minha Nossa Senhora! Terços, digo-os quantos Vós quiserdes!
       Os pastorinhos sentiam-se outros. Suas almas estavam leves e alegres.
       Já o lusco-fusco do entardecer os envolvia, quando na serra ecoou o toque do Angelus ou Ave-Marias. Tangendo as ovelhas, as três crianças abandonaram então aquele sítio abençoado. No silêncio do anoitecer que ia cobrindo os montes, "ouvia-se o som do chocalho rouco, e os passos miúdos do rebanho, estrada fora, eram como chuvinha de verão em folhas secas...".

                                        SEGUNDA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
                                                             13 DE JUNHO DE 1917

       No dia marcado para a segunda aparição, os videntes encontravam-se na Cova da Iria, onde já os esperavam cerca de 50 curiosos, entre homens e mulheres. Imediatamente antes de Lúcia falar com Nossa Senhora, alguns observavam que a luz do sol enfraqueceu, muito embora o céu estivesse sem nuvens. Outros pretenderam que o topo da azinheira, coberto de brotos, pareceu curvar-se como se suportassem um peso. E, segundo uma testemunha ocular, os circunstantes teriam ouvido algo à maneira de "uma voz muito fina, como um zumbido de abelha".
       A Irmã Lúcia assim descreve o sucedido:
       "Depois de rezar o terço com a Jacinta e o Francisco, e mais pessoas que estavam presentes, vimos de novo o reflexo da luz que se aproximava (a que chamávamos relâmpago); e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira, em todo igual [a aparição] de Maio.
-Vossemecê que me quer?
-perguntei.
-Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias, e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.
Pedi a cura de um doente.
-Se se converter, curar-se-á durante o ano.
-Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.
-Sim, à Jacinta e ao Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono.
-Fico cá sozinha?
-Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.
       Foi no momento em que disse estas últimas palavras, que [Nossa Senhora] abriu as mãos e comunicou-nos pela segunda vez o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte dessa luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um Coração cercado de espinhos que pareciam estar nele cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação."

       Aos poucos essa visão desvaneceu-se diante dos olhos enlevados dos três pastorinhos. A Senhora, então, sempre resplandecente de luz, começou a elevar-se acima do arbusto e, subindo suavemente pela luminosa estrada que o seu incomparável brilho parecia abrir no firmamento, retirou-se em direção ao leste, até desaparecer.
       Com o olhar arrebatado, os videntes acompanharam-Na, e Lúcia gritou aos circunstantes:
      -Se A querem ver, olhem!... vai além...
       Alguns que se achavam mais próximos notaram que os brotos do topo da azinheira estavam inclinados na mesma direção apontada por Lúcia, como se as vestes da Senhora, roçando-os quando Ela partiu, os tivessem arrastado e tombado. Somente depois de algumas horas retornaram eles à sua posição normal.
       Desaparecida por completo a visão, Lúcia exclamou:
       -Pronto! Agora já não se vê; já entrou para o Céu; já se fecharam as portas.
       O público ali presente, embora não tivesse visto Nossa Senhora, compreendeu que acabava de se passar algo de extraordinário e sobrenatural. Alguns começaram a tirar raminhos e folhinhas da copa da azinheira, mas foram advertidos por Lúcia para que colhessem apenas os de baixo, dos que Nossa Senhora não havia tocado.
       No caminho de volta para casa, iam todos rezando o terço, em louvor da Augusta Senhora que se dignara descer do Céu até aquele perdido recanto de Portugal...

                                       TERCEIRA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
                                                             13 DE JULHO DE 1917


       Era uma sexta-feira, o dia em que se daria a terceira aparição de Nossa Senhora. Lúcia, que até à tarde do dia anterior estava resolvida a não comparecer à Cova da Iria, ao aproximar-se a hora em que deviam partir, sentiu-se de repente impelida por uma força estranha, à qual não lhe era fácil resistir.            

       Foi ter com os primos, os quais encontrou no quarto, de joelhos, chorando e rezando:
       -Então, vossemecês não vão? Já são horas.
       -Sem ti não nos atrevemos a ir. Anda, vem!
       -Pois sim, vou já!
        E as três crianças puseram-se a caminho. Ao chegarem ao local das aparições, surpreenderam-se com a multidão que ali acorrera- mais de 2 mil pessoas- para presenciar o extraordinário acontecimento.
       Segundo o Sr. Marto, pai de francisco e Jacinta, no momento em que Nossa Senhora apareceu, uma nuvenzinha acinzentada pairou sobre a azinheira, o sol turvou-se e uma aragem fresca começou a soprar, embora se estivesse no auge do verão. Entre o profundo silêncio do povo, ouvia-se um sussurro como o de uma mosca num cântaro vazio.
       É a Irmã Lúcia quem narra o que então sucedeu:
"Vimos o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
-Vossemecê que me quer?
-perguntei.
-Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem; que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
-Queria pedir-lhe para nos dizer Quem é; e para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
-Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi Quem sou, o que quero, e farei um milagre que todos hão de ver para acreditar.
Aqui fiz alguns pedidos [da parte de diversas pessoas]. Nossa Senhora disse que era preciso rezarem para alcançarem as graças durante o ano. E continuou: 'Sacrificai-vos pelos pecadores, e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria'."

+PRIMEIRA PARTE DO SEGREDO:


A VISÃO DO INFERNO

"Ao dizer estas últimas palavras abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados. 
O reflexo [dos raios de luz] pareceu penetrar a terra, e vimos como que um mar de fogo: mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. 
(Deve ter sido ao deparar com esta vista, que dei esse ai!' que dizem ter-me ouvido). 
Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas incandescentes como negros carvões em brasa."

+SEGUNDA PARTE DO SEGREDO:

O ANÚNCIO DO CASTIGO E OS MEIOS PARA O EVITAR

       "Assustados e como que a pedir socorro, levantados a vista para Nossa Senhora, que nos disse com bondade e tristeza:
       -Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acaba. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo dos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguição à Igreja e ao Santo Padre. 
       Para o impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé, etc..."
       Esta era a parte da mensagem conhecida até ao dia 13 de Maio de 2000, data em que o Papa João Paulo II achou por bem comunicar a terceira parte do segredo de Fátima ao mundo.

+TERCEIRA PARTE DO SEGREDO:

"Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia que iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro:
O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: 
Penitência, Penitência, Penitência!
E vimos numa luz imensa que é Deus, 'algo semelhante a como se vêem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante' um Bispo vestido de Branco. 'Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre'. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subiam uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após outros, os bispos sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas de várias classes e posições.
Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.
Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.
Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus! Perdoai-nos, livrai-nos do fogo do Inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem'.
Seguiu-se um instante de silêncio, e perguntei:
-Vossemecê não me quer mais nada?
-Não. Hoje não te quero mais nada.
E, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente, até desaparecer na imensa distância do firmamento."
       Ouviu-se então, ainda de acordo com o Sr. Marto, uma espécie de trovão que indicava ter findado a aparição.

                                         QUARTA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
                                                             15 DE AGOSTO DE 1917




       Por terem sido sequestrados e mantidos três dias sob vigilância pelo Administrador de Ourém, que a todo custo- e em vão- desejava arrancar-lhes o segredo confiado pela Virgem, os três videntes não puderam comparecer à Cova da Íria no dia 13 de Agosto, quando se daria a quarta aparição de Nossa Senhora.

       Segundo o testemunho de algumas das muitas pessoas que acorreram ao local, pouco depois do meio-dia ouviu-se um trovão, mais ou menos como das outras vezes, ao qual se seguiu o relâmpago e, logo depois, todos começaram a notar uma pequena nuvem muito leve, muito branca e muito bonita, pairar uns minutos sobre a carrasqueira, subir depois para o Céu e desaparecer no ar. 

        Nos rostos dos presentes refletiam-se todas as cores do arco-íris; as árvores pareciam não ter ramos nem folhas, mas só flores; o solo e as roupas das pessoas também eram da cor do arco celeste. Nossa Senhora parecia ter vindo, mas não encontrava os pastorinhos.

       Assim narra a Irmã Lúcia a quarta aparição de Nossa Senhora:

       "Andava com as ovelhas, na companhia do Francisco e do seu irmão João, num lugar chamado Valinhos, e senti que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e nos envolvia. 
Suspeitei que Nossa Senhora nos viesse a aparecer, e tendo pena que a Jacinta ficasse sem A ver, pedi ao seu irmão João que a fosse chamar.
Entretanto, vi, com o Francisco, o reflexo da luz, a que chamávamos relâmpago, e chegada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.
-Que é que Vossemecê me quer?
-Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13 e que continueis a rezar o terço todos os dias. 
No último mês farei o milagre para que todos acreditem.
-Que é que Vossemecê quer que se faça do dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?
-Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão de mandar fazer.
-Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.
-Sim, alguns curarei durante o ano.
E tomando um aspecto mais triste, [acrescentou]: 
Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas'.
       Tendo dito estas palavras, Nossa Senhora retirou-se, como das vezes anteriores, em direção ao nascente. Durante algum tempo os pastorinhos permaneceram em estado de êxtase. Sentiam-se invadidos por uma alegria inigualável, após tantos sofrimentos e temores. (Ao lado, o local da quarta Aparição em Valinhos)
        Afinal, quando foram capazes de se mexer e andar, cortaram alguns ramos do arbusto sobre o qual roçara a túnica de Nossa Senhora e levaram-nos par casa. Ali puderam sentir que eles exalavam deliciosos e magnífico perfume! eram os "raminhos onde a Virgem Santíssima pusera os pés"...

                                           QUINTA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
                                                             13 DE SETEMBRO DE 1917

       Ao longo das sucessivas aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, aumentara o número dos que nelas acreditavam. Assim, no dia 13 de Setembro verificou-se um extraordinário afluxo de peregrinos ao lugar bendito, uma multidão cheia de respeito, calculada entre 15 a 20 mil pessoas, ou talvez mais.
       A Irmã Lúcia escreveu:
"Ao aproximar-se a hora, lá fui, com a Jacinta e o Francisco, entre numerosas pessoas, que a custo nos deixavam andar. As estradas estavam apinhadas de gente- todos nos queriam ver e falar, [...] pedindo que apresentássemos a Nossa Senhora as suas necessidades. [...]
Chegamos por fim à Cova da Iria da carrasqueira, e começamos a rezar o terço com o povo. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira. [Ela disse-nos:]
-Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia.
-Tem-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: cura de alguns doentes, de um surdo-mudo.
-Sim, alguns curarei, outros não. Em Outubro farei um milagre parque todos acreditem. E começando a elevar-Se, desapareceu como de costume".
       Segundo o testemunho de alguns espectadores, por ocasião dessa visita de Nossa Senhora, como das outras vezes, ocorreram diversos fenômenos atmosféricos. Observaram "à distância aparente de um metro do sol, um globo luminoso, que em breve começou a descer em direção ao poente e, da linha do horizonte, voltou a subir de novo em direção ao sol". Além disso, a atmosfera tomou uma cor amarelada, verificando-se uma diminuição da luz solar, tão grande que permitia ver a lua e as estrelas; uma nuvenzinha branca, visível até o extremo da Cova, envolvia a azinheira e com ela os videntes. Do céu choviam como que pétalas de rosas ou flocos de neve, que se desfaziam pouco acima das cabeças dos peregrinos, sem se deixar tocar ou colher por ninguém.
       Ainda que breve, a aparição de Nossa Senhora deixou os pequenos videntes felicíssimos, consolados e fortalecidos na sua fé. O Francisco, de modo especial, sentia-se transportado de alegria com a perspectiva de ver, dali a um mês, Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme lhes prometera a Rainha do Céu e da Terra.

                             SEXTA E ÚLTIMA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
                                                             13 DE OUTUBRO DE 1917

     

         Chegara, por fim, o tão esperado dia da sexta e última aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos.
       Ia avançando o Outono. Amanhã estava fria. Uma chuva persistente e abundante tinha transformado a Cova da Iria num imenso lamaçal, e ensopava até aos ossos a multidão de 50 a 70 mil peregrinos que ali havia acorrido de todos os cantos de Portugal. Por volta das onze e meia, aquele mar de gente abriu passagem para os três videntes que se aproximavam, vestidos com seus trajes de missa.
       É a Irmã Lúcia quem nos relata o que se seguiu:
"Chegados à Cova da Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda chuvas, para rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
-Que é que Vossemecê me quer?
-Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.
-Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir. Se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc...
-Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.
E tomando um aspecto triste [Nossa Senhora acrescentou]:
Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido'.
E, abrindo as mãos, fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol".
       Nossa Senhora desapareceu nessa luz que Ela mesma irradiava. No céu sucederam-se três novas visões, como quadros que simbolizavam os Mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do Rosário.
       Junto ao sol apareceu a Sagrada Família: São José, com o Menino Jesus nos braços, e Nossa Senhora do Rosário. A Virgem vestia uma túnica branca e um manto azul, São José vestia-se  também de branco e o Menino Jesus de vermelho. Traçando três vezes no ar uma cruz, São José abençoou o povo e o Menino Jesus fez o mesmo.
       As duas cenas seguintes foram vistas apenas por Lúcia. Primeiramente, Nosso Senhor, transido de sofrimentos, como a caminho do Calvário, e Nossa Senhora das Dores, mas sem a espada no peito. O Divino Redentor também abençoou o povo.
       Em seguida, apareceu, gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus ao colo.
       Enquanto os três pastorinhos contemplavam os celestes personagens, operou-se ante os olhos da multidão o milagre anunciado.
       Chovera durante toda a aparição. Lúcia, ao fim do seu colóquio com Nossa Senhora, gritara para o povo: "Olhem para o sol!" Naquele momento, rasgaram-se as nuvens, e o sol apareceu como um imenso disco de prata. Apesar do seu intenso brilho, pôde ser olhado diretamente sem que ferisse a vista. 
     As pessoas contemplavam-no absortas quando, de súbito, o astro se pôs a "bailar". Girava rapidamente como uma gigantesca roda de fogo. Parou de repente, para dentro em pouco recomeçar o giro sobre si mesmo a uma espantosa velocidade. Finalmente, num turbilhão vertiginoso, os seus bordos adquiriram uma cor escarlate, espargindo chamas vermelhas em todas as direções. Esses fachos refletiam-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas faces voltadas para o céu, espelhando nelas todas as cores do arco-íris. 

       O disco de fogo rodopiou loucamente três vezes, com cores cada vez mais intensas, tremeu espantosamente e, descrevendo um ziguezague descomunal, precipitou-se sobre a multidão aterrorizada. Um único e imenso grito escapou de todas as bocas. Todos caíram de joelhos na lama pensando que seriam consumidos pelo fogo. Muitos rezavam em voz alta o ato de contrição. Pouco a pouco, o sol começou a elevar-se, traçando o mesmo zigue-zague, até ao ponto do horizonte de onde havia descido. Tornou-se então impossível fitá-lo. Era novamente o sol normal de todos os dias.

       O ciclo das visões de Fátima estava encerrado.
       Os prodígios haviam durado cerca de 10 minutos e puderam ser observados a uma distância de até 40 quilômetros do local das aparições. Todos se entreolhavam perturbados. Depois, a alegria explodiu: "O milagre! As crianças tinham razão!" Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas adjacentes, e muitos notavam que as suas roupas, encharcadas alguns minutos antes, estavam completamente secas. Importa registrar que existem, além dos milhares de testemunhos do Milagre, uma grande fonte midiática que compartilhou o fato.

Nossa Senhora, conforme prometera, apareceu pela sétima vez para a irmã Lúcia...

Data: 15 de junho de 1921
Véspera da partida de Lúcia para o asilo do Vilar

       D. José encontrou-se pela primeira vez com Lúcia por volta de 1920-1921 e interrogou-a acerca dos acontecimentos. Propôs-lhe deixar Fátima para ir para o Porto, porque lá ainda não era conhecida.
Do diário da Irmã Lúcia:

"De novo, em Fátima, guardei inviolável o meu segredo. Mas a alegria que senti ao despedir-me do Senhor Bispo, durou pouco tempo. 
Lembrava-me dos meus familiares, da casa paterna, da Cova da Iria, Cabeço, Valinhos, do poço… e agora deixar tudo, assim, de uma vez para sempre? Para ir não sei bem para onde…? 
Disse ao Sr. Bispo que sim, mas agora vou dizer-lhe que me arrependi e que para aí não quero ir.".
Estava nesta luta, quando foi à Cova da Iria:
       "Assim solícita, mais uma vez desceste à terra, e foi então que senti a Tua mão amiga e maternal tocar-me no ombro; levantei o olhar e vi-Te, eras Tu, a Mãe bendita a dar-me a mão e a indicar-me o caminho; os Teus lábios descerraram-se e o doce timbre da tua voz restituiu a luz e a paz à minha alma: 
'Aqui estou pela sétima vez, vai, segue o caminho por onde o Senhor Bispo te quiser levar, essa é a vontade de Deus'.

Repeti então o meu “sim”, agora bem mais consciente do que, o do dia 13 de Maio de 1917 e enquanto que de novo Te elevavas ao Céu, como num relance, passou-me pelo espírito toda a série de maravilhas que naquele mesmo lugar, havia apenas quatro anos, ali me tinha sido dado contemplar."


NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA, PADROEIRA DA GUIANA E SURINAME

       O povo da Guiana e do Suriname, como todos os católicos do mundo inteiro, aguardam confiantes o grande momento em que se realizará a profecia da paz, quando triunfará o Imaculado Coração de Maria.
       As antigas Guianas Inglesa e Holandesa, hoje Guiana e Suriname, são pequenos países da América do Sul que elegeram sua padroeira Nossa Senhora de Fátima. A história das aparições da Virgem aos três pastorinhos, na pequena paróquia de Fátima, na diocese de Leiria, em Portugal, espalhou por todo o mundo a devoção e a esperança em suas mensagens.
       As profecias de Maria vêm-se concretizando, como a desintegração do comunismo, as aberrações morais de nossa época, as crises internas na Igreja entre outras, e nós, como seus escravos, devemos reparar as ofensas ao Coração Imaculado de Maria e de Nosso Senhor que já está muito ofendido, como relata sua bendita Mãe. 
Abaixo, encontra-se a imagem da basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Portugal.


        Atualmente, Jacinta e Francisco, subiram a honra dos altares e são Santos da Igreja, a irmã Lúcia encontra-se em processo de beatificação.
        As aparições de Fátima encontram-se entre as seletas aparições de Nossa Senhora aprovadas pela Igreja, onde em cerca de 2000 supostas aparições, somente encontram-se aprovadas atualmente 16 destas.

ORAÇÃO:
Santíssima Virgem, 
que na Cova da Iria vos dignastes aparecer 
a três humildes pastorinhos 
e lhes revelastes os tesouros de graças 
contidos na reza do Terço, 
incuti profundamente em nossa alma 
o devido apreço em que devemos ter por esta devoção, 
para Vós tão querida, 
a fim de que, meditando os mistérios da nossa Redenção, 
aproveitemos de seus preciosos frutos 
e alcancemos as graças... 
Que vos pedimos nesta devoção, 
se forem para maior glória de Deus, 
honra vossa e salvação de nossas almas. 
Amém.