Com base na festa da apresentação de Jesus/purificação da Virgem, nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação; do cântico de São Simeão (conhecido pelas suas primeiras palavras em latim: o Nunc dimittis), que promete que Jesus será a luz que irá aclarar os gentios, nasce o culto em torno de Nossa Senhora da Luz/das Candeias/da Candelária, cujas festas eram, geralmente, celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o fato.
De acordo com uma lenda registrada por Fray Alonso de Espinosa em 1594, uma estátua da Virgem Maria carregando uma criança em uma mão e uma vela verde na outra, foi descoberta na praia de Chimisay (Güímar) por dois pastores Guanche em 1392. Isso foi antes da conquista espanhola da ilha (a ilha não foi totalmente conquistada até 1496).
Um dos pastores tentou jogar uma pedra para a estátua, mas o braço estava paralisado, e o outro tentou esfaquear a estátua com uma faca, mas acabou esfaqueando a si mesmo. Advertidos pelo rei Guanche eles voltaram para a imagem, mas desta vez, com reverência e temor. Naquela época, seus ferimentos eram saudáveis. A imagem foi transferida para a Cueva de Chinguaro, que foi a sede do aborígene rei.
Após a cristianização da ilha, a imagem da Virgem foi deslocada para a Cueva de Achbinico localizada na atual cidade de Candelaria. O primeiro grande santuário em honra da Virgem morena foi impulsionado pelo bispo das Canárias, Bartolomé García Jiménez em 1668 e concluída em 1672. Era espaçoso, três navios com uma alta torre, a construção deste templo desapareceu como resultado de um incêndio que ocorreu em 15 de fevereiro de 1789.
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A basílica atual foi construída por José Enrique Marrero Regalado, iniciada em 1949 e foi concluída em 1959. Junto à basílica e anexado a ele existe o convento dominicano de Candelária, uma ordem religiosa a cargo do santuário, dentro do convento é do Museu de Arte Sacra. A basílica é o principal santuário mariano nas Ilhas Canárias é um dos mais importantes do Espanha. É também o santuário que abriga o maior número de peregrinos de Canárias (2,5 milhões de visitantes por ano). O templo foi proclamado pelo Papa Bento XVI como Basílica Menor em 24 de janeiro de 2011.
Antes da conquista de Tenerife, os aborígines Guanche realizaram um festival em torno da imagem da Virgem durante o festival de Beñesmen em agosto. Foi o festival da colheita, que marcou o começo do ano. Atualmente, celebra-se a festa da Virgem da Candelária nas Ilhas Canárias, além de 2 de fevereiro e 15 de agosto, dia da Assunção da Virgem Maria.
Cada 2 de fevereiro e 15 de agosto milhares de peregrinos de todas as partes das Ilhas Canárias e em outras partes da Espanha, vão em peregrinação ao santuário para celebrar a festa em honra da padroeira das Ilhas Canárias. Em fevereiro destaca a Procissão das Velas e agosto a Encenação da Aparição da Virgem.
Também são realizadas a cada sete anos a tradição de peregrinação da imagem da Virgem da Candelária para as cidades de Santa Cruz de Tenerife (capital da ilha) e San Cristóbal de La Laguna (sede da diocese de Tenerife) alternadamente a cada sete anos entre as duas cidades. Por exemplo, em 2002, a Virgem se mudou para Santa Cruz, e sete anos depois, em 2009, mudou-se para La Laguna, e assim por diante.
São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, nasceu justamente nas ilhas Canárias, de onde provém a devoção a Nossa Senhora da Candelária. Ele foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias. Foi o autor da primeira gramática da língua Tupi e um dos primeiros autores da literatura brasileira, para a qual compôs inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso e uma epopeia.
Foi beatificado em 1980 pelo papa São João Paulo II e canonizado em 2014 pelo papa Francisco. É conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país. Em abril de 2015 foi declarado co-padroeiro do Brasil na 53ª Assembleia Geral da CNBB. É o patrono da cadeira de número um da Academia Brasileira de Música. No Páteo do Colégio, em São Paulo, bem próximo a Catedral da Sé, encontra-se uma imagem de Nossa Senhora da Candelária similar a venerada nas Ilhas Canárias, além de relíquias de São José de Anchieta que ficam permanentemente expostas a veneração dos fiéis.
No início do século XVII, Antônio Martins Palma, natural da ilha do mesmo nome no arquipélago das Canárias, e sua mulher, navegando em direção às Índias Espanholas (América Latina), foi surpreendido por terrível tempestade, que pôs em perigo a nau da qual ele era capitão, e a vida de todos os passageiros. Recorreram então a Nossa Senhora da Candelária, venerada em sua pátria, e prometeram perpetuar a memória de sua proteção edificando-lhe um templo na primeira terra onde aportassem sãos e salvos. Esta terra foi a Guanabara no Rio de Janeiro e os náufragos, ao desembarcarem, deram graças a Deus e à Virgem Maria.
Em 1599 o Papa Clemente VIII nomeou padroeira das ilhas Canárias e a 12 de dezembro de 1867 foi declarada Padroeira principal das Ilhas Canárias, por decreto da Sagrada Congregação dos Ritos do Papa Pio IX. A coroação da Virgem, aconteceu somente no ano de 1889.
No século XIX foram iniciadas as obras do atual santuário, que só terminaram por volta de 1930.
Nossa Senhora da Candelária é padroeira das Ilhas Canárias, sob o nome de Nossa Senhora da Candelária.
ORAÇÃO
Ó doce Virgem Maria,
verdadeira guardiã da luz do mundo,
vós que iluminais nosso destino
com a graça da vossa onipotência suplicante,
que sois a candeia de amor
cujo fogo brota do Coração Divino de Jesus.
Ó Nossa Senhora da Candelária,
atendei a nossa súplica
concedendo-nos o favor da vossa maternal ajuda,
pela fortaleza da nossa fé
e o bálsamo da confiança,
a fim de que possamos um dia
gozar convosco as alegrias do céu.
Assim seja.
Amém!
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