terça-feira, 17 de março de 2020

52-NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS, DIA 27 DE NOVEMBRO

        Na saudação do Arcanjo Gabriel a Virgem Maria ele diz... "Ave Cheia de Graça..." (Lucas 1, 28), pode-se dizer que o primeiro a chamar Nossa Senhora como a Senhora das Graças foi o próprio Deus, pois é evidente que a mensagem não era do Arcanjo, mas da própria Santíssima Trindade. 
        O Homem decaiu e perdeu o vínculo com Deus, se tornando assim, escravo de satanás, e por isso Deus prometeu o Salvador, para resgatar o que estava perdido e romper o vínculo que separava-o de Deus. 
        Quando Maria disse o seu “Sim” a Deus, diante de São Gabriel, ela passou a ser portadora da maior de todas as Graças que a humanidade poderia receber: o próprio Filho de Deus. Gerando Jesus, Maria proporcionou que todas as graças chegassem até nós. E por isso, incansavelmente em todas as partes do mundo se repete constantemente o oração da Ave Maria, relembrando assim o grande resgate da humanidade por Deus, das cadeias de satanás, através do Sim da mais humilde escrava do Senhor, pois o Senhor eleva os humildes e derruba do trono os poderosos...
         O papa Leão XII dizia:

"-Era desígnio de Deus que, após Maria ter servido de intermediária no mistério da Redenção, continuasse igualmente a ser intermediária das graças que este mistério fazia correr em todos os tempos"

        Desde o início da Igreja, Maria sempre foi venerada como “portadora das Graças”. Porém, o título “Nossa Senhora das Graças” surgiu num determinado tempo da história e num local específico. 
        No dia 18 de julho de 1830, véspera da festa de São Vicente de Paulo, fundador de sua Ordem, Santa Catarina foi despertada durante a noite por seu anjo, que lhe apareceu com o aspecto de uma criança de cerca de cinco anos, toda radiante, e que a conduziu para dentro da capela. Ali ela recebeu a visita de Nossa Senhora, que tomou o assento reservado ao diretor das irmãs. Prostrando-se diante da aparição, Catarina recebeu a graça de pôr suas mãos dobradas sobre os joelhos da Virgem, que lhe disse: “Vem aos pés deste altar. Ali serão derramadas graças sobre ti e sobre todos os que pedirem por elas, ricos e pobres.”
        No dia 27 de novembro de 1830, às 17 horas e 30 minutos, na Rua Du Bac, 140, em Paris, França, Catarina Labouré, então noviça da Congregação Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, foi até à capela impelida para rezar. Estando em oração, teve outra visão da Virgem Maria, que se revelou a ela como Nossa Senhora das Graças.
Santa Catarina relata o ocorrido: 

"...uma Senhora de mediana estatura, de rosto muito belo e formoso... Estava de pé, com um vestido de seda, cor de branco-aurora. Cobria-lhe a cabeça um véu azul, que descia até os pés... As mãos estenderam-se para a terra, enchendo-se de anéis cobertos de pedras preciosas. A Santíssima Virgem disse-me: ‘Eis o símbolo das Graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem ...’ Formou-se então, em volta de Nossa Senhora, um quadro oval, em que se liam, em letras de ouro, estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós’. Depois disso o quadro que eu via virou-se, e eu vi no seu reverso: a letra M, tendo uma cruz na parte de cima, com um traço na base. Por baixo: os Sagrados Corações de Jesus e de Maria. O de Jesus, cercado por uma coroa de espinhos e a arder em chamas, e o de Maria também em chamas e atravessado por uma espada, cercado de doze estrelas. Ao mesmo tempo, ouvi distintamente a voz da Senhora, a dizer-me: ‘Manda, manda cunhar uma medalha por este modelo. As pessoas que a trouxeram, com devoção, hão de receber muitas graças”.

        Enquanto contemplava esta cena maravilhosa: Maria, sobre o globo terrestre, e raios saindo de suas mãos em direção à terra, Catarina ouviu lhe dizer: 

"Este globo que vês representa o mundo inteiro e especialmente a França, e cada pessoa em particular. Os raios são o símbolo das Graças que derramo sobre as pessoas que Me as pedem. Os raios mais espessos correspondem às graças que as pessoas se recordam de pedir. Os raios mais finos correspondem às graças que as pessoas não se lembram de pedir.“

        O título Nossa Senhora das Graças está intimamente ligado à revelação da Medalha Milagrosa. Porém, as graças distribuídas por Nossa Senhora não dependem do uso da Medalha, e sim de pedir a Ela com fé e devoção. Tanto que, em outra aparição, Nossa Senhora se queixou a Santa Catarina Labouré dizendo: “Tenho muitas graças para distribuir... Mas as pessoas não me pedem...”
        A mesma visão e a mesma ordem se repetiram no mês de dezembro, mas só em 1832, com a autorização de Monsenhor Quelen, arcebispo de Paris, o Reverendíssimo padre diretor da vidente mandou cunhar a medalha revelada pela Santíssima Virgem.
        Depois de um tempo, Catarina Labouré conseguiu que a medalha fosse cunhada, tal qual a Virgem Maria tinha lhe pedido. Logo, esta medalha se tornou um fenômeno inimaginável. A promessa da Virgem Maria se cumpria admiravelmente em todos os que usavam a Medalha com devoção. Graças a ela, uma terrível epidemia da peste negra foi debelada na França. Milhares de pessoas já tinham morrido quando a Medalha Milagrosa começou a ser usada. Então, os doentes que a recebiam com fé começaram a ser curados milagrosamente, pois a peste não tinha cura.
        Então, a Medalha Milagrosa passou de milhares para milhões de cunhagens. Espalhou-se rapidamente pela Europa livrando milhões de pessoas da peste. Depois, espalhou-se por todo o mundo. E as graças continuam acontecendo até hoje. A medalha Milagrosa é a mais cunhada de todos os tempos. O número de medalhas, porém, não se compara ao número de graças derramadas pelas mãos cheias de amor da Virgem Maria, Nossa Senhora das Graças.
        É interessante lembrar que Nossa Senhora é uma distribuidora de graças.
        As graças são de Deus e só Ele pode dá-las. Mas, em sua misericórdia, o Senhor escolheu distribui-las pelas mãos de sua mãe, Maria. Esta é a maravilha da nossa fé. Milhões de graças estão nas mãos de Nossa Senhora e Ela quer distribuí-las a seus filhos. É vontade de Deus que assim seja.
        São Bernardo de Claraval dizia que “Nunca se ouviu dizer que ela não atendeu a quem pediu com fé.”
        Esta realidade maravilhosa é testemunhada por milhões de pessoas, ao longo de séculos. 
        A irmã Catarina faleceu em 1876 com setenta e um anos e seu enterro foi seguido por uma multidão de devotos e crianças pobres, que acompanharam a religiosa até a última morada.            Em 1933, foi beatificada aquela que havia propiciado a todos nós a possibilidade de conhecer que Maria Imaculada é a Medianeira de todas as Graças.
        Logo em seguida ao anúncio de sua beatificação,deu-se o costumeiro reconhecimento das relíquias.
        Em 21 de março de 1933, uma delegação de médicos e sacerdotes juntou-se na cripta para a exumação. O caixão externo de madeira tinha caído aos pedaços, mas o segundo caixão, de chumbo, encontrava-se bem preservado e não foi sem grande dificuldade que conseguiram retirá-lo do exato lugar onde fora colocado e no qual permanecera por mais de meio século.
        O caixão foi levado então a uma sala especialmente preparada para se examinar a relíquia. O agente funerário cortou a tampa do caixão chumbado e retirou-a, deixando entrever um caixão interno de madeira, que também estava aberto. Quando o médico suspendeu o pano que cobria o corpo, seus restos foram encontrados perfeitamente intactos. Uma testemunha ocular escreveu:
        "As mãos haviam deslizado para o lado, mas estavam brancas e em seu aspecto natural. O cordão do rosário havia apodrecido e as contas haviam se desprendido no caixão. A pele do rosto tinha a aparência levemente estriada, mas estava inteira. Os olhos e a boca estavam fechados".
        Duas senhoras que haviam conhecido a Irmã Catarina reconheceram com facilidade as características de sua santa amiga.
        O cirurgião da comunidade, Dr. Robert Didier, que foi testemunha da exumação, deixou registrado que:
"…ao abrir o caixão, deparamos com uma massa acinzentada de serragem que havia tomado a forma do corpo; nessa superfície havia algumas evidências de mofo, mas nenhuma decomposição, apenas um odor levemente azedo. Depois de remover a serragem cuidadosamente com a mão, era possível ver o pano mortuário; ele encontrava-se intacto, levemente úmido e podia ser facilmente retirado. Limpo o corpo, tinha a aparência perfeitamente preservada, e em roupas que haviam mantido sua coloração e consistência normal. As cornetas do hábito da religiosa haviam ficado sobre seu rosto, e isso, junto com o peso do pano mortuário e da serragem, fez achatar-se-lhe o nariz. As mãos e o rosto tinham uma cor rosada com leves tons de marrom, mas também estavam intactos. Dois dedos da mão esquerda estavam um pouco enegrecidos, mas nós percebemos de imediato que a cor escura devia-se não à necrose do tecido, mas sim à tinta do hábito que havia passado para a mão do lado da rachadura do caixão de chumbo. Havendo apurados esses fatos, colocamos o pano de volta e fechamos o caixão para o traslado do corpo".
        Após esse rápido exame, o corpo da santa foi trasladado em procissão solene para a casa principal das irmãs, onde foi recebido pelas irmãs, noviças e postulantes de sua Ordem, bem como pelos padres e noviços lazaristas. O caixão de chumbo, coberto com um tecido branco de seda no qual iam bordadas, em ambos os lados, imagens da Medalha Milagrosa, abria caminho em meio aos filhos e filhas de São Vicente de Paulo.
        Às dez horas do dia seguinte, na presença de várias testemunhas, inclusive do cardeal e do cônego, que era o Promotor da Fé da Congregação dos Santos, o corpo foi mais uma vez desvelado em outra sala especialmente preparada para isso. O Dr. Didier registrou, então, o seguinte:
        "O corpo foi cuidadosamente retirado do caixão e colocado sobre uma mesa comprida. O rosto, por conta de seu primeiro contato com o ar, havia se escurecido levemente desde o dia anterior; as roupas perfeitamente preservadas foram removidas com cuidado. Cabe notar que do lado esquerdo do corpo — o lado em contato com a rachadura do caixão de chumbo —, a roupa estava um pouco úmida e algumas partes do corpo (o braço esquerdo e o ombro) haviam experimentado um leve desgaste. A pele nesta região estava um pouco inchada, enrijecida e exibia em sua superfície alguns resíduos esbranquiçados. Examinando o corpo, pudemos notar a perfeita flexibilidade dos braços e das pernas. Esses membros só haviam experimentado uma leve mumificação. A pele estava intacta e estriada por toda parte. Os músculos estavam preservados e podiam ser facilmente dissecados em uma aula de anatomia. Nós cortamos o esterno ao meio. O osso mostrava uma consistência elástica e cartilaginosa e podia ser cortado com facilidade pela faca do cirurgião. Aberta a cavidade torácica, ficou-nos fácil remover o coração. Ele tinha encolhido bastante, mas manteve sua forma. Podíamos facilmente ver dentro dele os capilares fibrosos e restos das válvulas e músculos. Retiramos também algumas das costelas e a clavícula. Desmembramos os braços, que serão conservados à parte. As patelas dos joelhos foram removidas. Os dedos e as unhas dos pés encontravam-se em perfeitas condições. O cabelo permaneceu preso ao couro cabeludo. Os olhos estavam em suas órbitas e as pálpebras meio fechadas. Nós podíamos afirmar que o globo ocular, mesmo caído e encolhido, achava-se íntegro, e até a coloração da íris, cinza azulada, permanecia. Para garantir a preservação do corpo, injetamos uma solução de formaldeído, glicerina e ácido carbólico".
        O corpo da santa foi colocado depois na capela da casa principal, sob o altar lateral de Nossa Senhora do Sol, onde repousa até hoje atrás de uma cobertura de vidro. As mãos erguidas e entrelaçadas por um rosário são feitas de cera. As mãos incorruptas da santa, que foram amputadas, são mantidas em um relicário especial, conservado agora no claustro das noviças, na casa principal. O coração da santa também foi colocado em um relicário especial, rica e reverentemente adornado, na capela da Rue de Reuilly, onde a santa havia rezado com tanta frequência enquanto cumpria seus deveres de estado.
        A capela onde ocorreram as visões de Santa Catarina Labouré (ao lado vemos uma foto da entrada da capela) é, sem dúvida nenhuma, uma das mais veneradas no mundo, não só por ter recebido várias visitas de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e de São Vicente de Paulo, mas também por haver nela várias relíquias preciosas. Próximo ao corpo incorrupto de Catarina, por exemplo, está o altar de São Vicente de Paulo, fundador da Ordem, na frente de cuja estátua está exposto um relicário contendo o seu coração;
do outro lado da capela, sobre o altar lateral, encontra-se outro relicário magnífico: uma estátua de cera contendo os ossos de Santa Luísa de Marillac, religiosa que fundou, junto com São Vicente, a congregação das Filhas da Caridade. Do lado do altar principal está a cadeira de veludo azul que a própria Virgem Maria tomou como assento em sua primeira aparição a Catarina Labouré (os que visitam a capela são autorizados a tocar e beijar a cadeira, e muitos deixam sobre ela pedacinhos de papel em que vão escritos seus pedidos de oração).
        Santa Catarina foi canonizada em 27 de julho de 1947. Sua memória litúrgica é celebrada no dia 28 de novembro, um dia após a festa da Medalha Milagrosa.
No Brasil existem cerca de 143 paróquias a Ela consagradas e mais cinco sob o orago de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.
Finalizamos esta postagem com um vídeo de Nossa Senhora das Graças, localizado abaixo.


A MEDALHA MILAGROSA

A serpente: Nossa Senhora aparece esmagando a cabeça da serpente. A mulher que esmaga a cabeça da serpente, que é o demônio, já estava predita na Bíblia, no livro do Gênesis: “Porei inimizade entre ti e a mulher… Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis:1,15). Deus declara iniciada a luta entre o bem e o mal. Essa luta é vencida por Jesus Cristo, o “novo Adão”, juntamente com Maria, a co-redentora, a “nova Eva”. É em Maria que se cumpre essa sentença de Deus: a mulher finalmente esmaga a cabeça da serpente, para que não mais a morte pudesse escravizar os homens.

Os raios: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre os seus devotos. A Santa Igreja, por isso, a chama Tesoureira de Deus.

As 12 estrelas: Simbolizam as 12 tribos de Israel. Maria Santíssima também é saudada como “Estrela do Mar” na oração Ave, Stella Maris.

O coração cercado de espinhos: É o Sagrado Coração de Jesus. Foi Maria quem o formou em seu ventre. Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque a graça da vida eterna aos devotos do seu Sagrado Coração, que simboliza o seu infinito e ilimitado Amor. 

O coração transpassado por uma espada: É o Imaculado Coração de Maria, inseparável ao de Jesus: mesmo nas horas difíceis de Sua Paixão e Morte na Cruz, Ela estava lá, compartilhando da Sua dor, sendo a nossa co-redentora.

O M: Significa Maria. Esse M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o calvário. Essa simbologia indica a íntima ligação de Maria e Jesus na história da salvação.

O travessão e a Cruz: Simbolizam o calvário. Para a doutrina católica, a Santa Missa é a perpetuação do sacrifício do Calvário, portanto, ressaltam a importância do Sacrifício Eucarístico na vida do cristão.

ORAÇÃO:
Nossa Senhora das Graças, 
medianeira entre os homens 
e vosso Divino Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, 
ouvi propícia a prece que vos faço.
Auxiliai-me, Senhora, socorrei-me na aflição.
Pelo sangue derramado na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, 
vosso amantíssimo Filho, peço-vos, Senhora, a graça de...
Fostes escolhida pelo vosso Divino Filho 
para nossa advogada e protetora. 
Desde que subistes ao céu, 
jamais cessastes de operar milagres 
e de atender às orações dos que recorrem a vós, 
Nossa Senhora das Graças. 
possuís um inesgotável tesouro de graças. 
Tenho fé, Senhora, que não faltareis com o vosso auxílio 
e que, apesar dos meus pecados, 
me concedeis a graça que, 
cheio de confiança em vós, vos rogo. 
Assim seja! 

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA 

Ó Imaculada Virgem 
Mãe de Deus e nossa Mãe, 
ao contemplar-vos de braços abertos 
derramando graças sobre os que vo-las pedem, 
cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, 
inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, 
embora reconhecendo a nossa indignidade 
por causa de nossas inúmeras culpas, 
acercamo-nos de vossos pés para vos expôr, 
durante esta oração, 
as nossas mais prementes necessidades 
(momento de silêncio e de pedir a graça desejada).
Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, 
este favor que confiantes vos solicitamos, 
para maior Glória de Deus, 
engrandecimento do vosso nome, 
e o bem de nossas almas. 
E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, 
inspirai-nos profundo ódio ao pecado 
e dai-nos coragem de nos afirmar sempre 
como verdadeiros cristãos. 
Amém.

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