quarta-feira, 5 de setembro de 2018

32-NOSSA SENHORA DA CARIDADE DO COBRE (PADROEIRA DE CUBA), 8 DE SETEMBRO


      Em certa manhã do ano de 1607, ou, segundo outros, de 1608, em Cuba, dois irmãos indígenas, João e Rodrigo de Joyos, e o crioulo João Moreno, que tinha seus 10 anos, foram enviados pelo administrador das estâncias de Varajagua às costas de Nipe, para de lá trazerem certa quantidade de sal, o qual era recolhido nas salinas naturais que se encontram em toda a costa norte da ilha, e especialmente na baía de Nipe.
    Chegados à costa, encontraram o mar agitadíssimo por causa do forte vento que soprava, acompanhado de copiosa chuva.
        Vendo que lhes era impossível executar a tarefa de que tinha sido encarregados, refugiaram-se os rapazes numa choça, na qual permaneceram três dias, depois dos quais, serenado o tempo, puderam embarcar em débil canoa e dirigir-se às salinas da costa.
        Pelas 5 horas da manhã, ao desfalecer-se as brumas da aurora, divisaram um vulto que, flutuando, vinha na direção deles. Pensaram em princípio que fosse uma ave aquática que voava ao seu encontro, mas pouco depois tiveram uma inesperada e agradável surpresa: reparando bem no vultosinho que se aproximava, viram que era uma imagem de Nossa Senhora, que vinha sobre uma tábua, na qual se lia a seguinte inscrição: "Eu sou a Virgem da Caridade".
          A imagem, de 15 polegadas de altura, mais ou menos 40cm, tinha o rosto redondo, de cor clara, e sustentava no braço esquerdo o Divino Menino, que tinha numa das mãos a esfera, símbolo do mundo, tendo a outra levantada em atitude de dar a bênção.
        A imagem inspira respeito e veneração.
        Recolheram os felizes tripulantes aquela preciosa jóia, qual inestimável dom do céu, e notaram, admirados, que nem a orla do vestido da Senhora se tinha molhado!
        Transportados de gozo, recolheram depressa a quantidade de sal que deviam levar e, regressando à choça, trataram de combinar como haveriam de conduzir a imagem à estância de Varajagua.
        Não tardaram a por-se a caminho, e, assim que os trabalhadores da estância souberam da visita que iam receber, prepararam um modesto altar e foram ao seu encontro, radiantes de alegria. O maioral da estância despachou logo um mensageiro para dar conta do ocorrido ao administrador real das minas da vila de Cobre, vila muito abundante em minas do metal de que tirou seu nome. Ordenou o administrador que se erigisse logo uma ermida, enviando uma lâmpada de cobre para que ardesse constantemente uma luz diante da imagem.
        Em poucos dias foi construída a ermida, tendo sido encarregado de cuidar da lâmpada Diogo de Joyos, irmão dos afortunados descobridores da imagem.
        Não satisfeita, contudo, a piedade do administrador, enviou uma comissão de homens competentes, presidida pelo cura da vila, para que se informasse minuciosamente sobre o encontro da imagem, e depois a conduzisse em procissão para o povoado ou vila de Cobre.
        Os encarregados da comissão, depois de se terem prostrado aos pés da imagem e entoado vários cantos em seu louvor, receberam das testemunhas informações detalhadas acerca da aparição. Em seguida preparando uma espécie de liteira, que ornamentaram eles mesmos, rodeados dos vizinhos da estância. A certa distância do povoado vieram-lhes ao encontro os habitantes em massa, com a milícia e o administrador, que levava a bandeira real; postos na presença da imagem, caíram de joelhos, e o administrador, baixando a bandeira diante de Maria, representada naquela imagem, reconheceu-a como Rainha da ilha.
        Romperam então a música e as salvas da artilharia, e, entre vivas e aplausos, a imagem foi conduzida à vila e colocada no altar-mor da igreja paroquial. Ao lado podemos ver o interior do santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre.
        A origem da santa imagem, ainda que envolta em treva, podemos descobri-la com segurança moral.
Alonso de Ojeda foi um dos mais destros e valentes capitães que vieram para o novo mundo.
        Depois de se ter distinguido na conquista da ilha de são Domingos e em muitos outros atos de bravura, tendo naufragado certo dia o navio em que viajava, salvando-se, porém, a tripulação, ele e os companheiros que resistiram à fome e à fadiga (muitos morreram) caminharam 40 dias, até que afinal conseguiram vencer a região pantanosa e chegar a um lugar habitado, perto de Jagua, cujo cacique lhes concedeu hospitalidade. Nesse lugarejo se refizeram dos sofrimentos e ganharam alento para continuar a trabalhar por Deus e pela pátria.
        Desejando Ojeda manifestar sua gratidão ao cacique, presenteou-o com a imagem de Nossa Senhora que sempre levava consigo, explicando-lhe do melhor modo que pode as primeiras verdades do catolicismo e o que concerne ao culto da Mãe de Deus. Ajuntou-o também a construir uma humilde ermida para a imagem, a primeira construída em Cuba.
        Resumindo, o afeto que os índios dedicavam a Nossa Senhora era tal, que toda vez que os conquistadores se acercavam entre os espessos ramos das árvores.
        Assim se explica que numa dessas ocasiões, engrossados os rios por alguma enchente, arrastassem a imagem até a baía de Nipe, onde a encontraram os três rapazes.
        Em 1703, por não comportar mais a primitiva ermida os romeiros que vinham de toda a ilha e de outras regiões implorar a bondade de Nossa Senhora da Caridade, foi construído o atual santuário no lugar indicado milagrosamente pela própria Mãe de deus, num outeiro que dista 430 passos da vila de Cobre, em 1927. A esse santuário (de Cobre) acorrem fiéis de Cuba e das Antilhas. Na sala do milagres encontra-se a tábua em que a imagem foi achada flutuando, a medalha do prêmio Nobel de 1954, Emingway e também há um ex-voto da Sra. Lina Ruz, mãe de Fidel Castro.
       No ano de 1899 o santuário foi profanado, além de saquearem todos os objetos de valor, cortaram a cabeça da Virgem para retirar um diamante.
        No ano de 1960, o regime comunista proibiu as procissões e manifestações públicas de fé, o que fez aumentar sempre mais a fé e devoção do povo cubano. Contrariando Fidel Castro, o papa Paulo VI elevou o santuário à categoria de basílica.
        Foi graças à intervenção do papa São João Paulo II, durante sua visita apostólica a Cuba, que foi revogada a antiga proibição dos cultos públicos e procissões em todo o país.
A imagem peregrina passará por todos os campos, povoados, cidades e vilas da ilha de Cuba, convocando o seu povo à unidade e ao amor. Este mesmo trajeto foi feito entre os anos de 1951-1952 para celebrar os 50 anos da independência de Cuba.
        Hoje a Virgem da Caridade do Cobre é venerada também fora de Cuba, em diversos países da América central e na Espanha. Em Miami, nos Estados Unidos, também há um santuário a ela dedicado. Sua festa é celebrada no dia 8 de setembro.
        Os pobres e os enfermos vão em busca de alívio, e são inúmeros os prodígios alcançados graças a Nossa Senhora da caridade do Cobre, muitos dos quais acham-se consignados em folhetos impressos.
        Nossa Senhora da Caridade foi proclamada padroeira de Cuba no início do século XX, 10 de maio de 1916, pelo papa Bento XV, e solenemente coroada em 20 de janeiro de 1936, em Santiago de Cuba, na presença de uma grande multidão.
        Na diocese de Santo Amaro, em São Paulo (Brasil), também é possível encontrar uma paróquia dedicada a Nossa Senhora da Caridade do Cobre.
ORAÇÃO:
Santa Maria da Caridade, 
vieste como mensageira da paz, 
flutuando sobre o mar. 
A vós acudimos, 
Santa Mãe de Deus, 
para honrar-vos com nosso amor filial.
Em vosso coração de Mãe 
colocamos nossos anseios e esperanças, 
nossas alegrias e súplicas. 
Por nossa pátria, 
para que juntos,
todos construamos a paz e a concórdia; 
pelas famílias, 
para que vivam a fidelidade e o amor; 
pelas crianças, 
para que cresçam sadias física e espiritualmente; 
pelos jovens, 
para que reafirmem sua fé 
e sua responsabilidade na vida 
e em tudo o que lhe dá sentido;
pelos doentes e marginalizados, 
pelos que sofrem a solidão, 
pelos que estão distantes de suas pátrias 
e por todos que trazem o sofrimento 
em seus corações. 
Amém!

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