ENTENDA O CULTO CATÓLICO MARIANO A PARTIR DE SUAS IMAGENS

                                     
    No ano de 2008, a Frente Universitária Lepanto, um grupo de universitários católicos publicaram em seu site um texto que considero de grande utilidade para se entender o culto que os fiéis católicos dão as imagens. 
    Ao final da leitura deste texto você será capaz de:
-Saber distinguir os diferentes tipos de cultos (latria, dulia, hiperdulia e protodulia). 
-Entender por que é licito o culto as imagens marianas.
-Entender as diferenças entre ídolo e ícone.
-Saber interpretar corretamente os versículos bíblicos que tratam das imagens.

Diferença entre Imagem e Ídolo

    Imagem não é o mesmo que ídolo. Chama-se ídolo: uma imagem falsa, um simulacro a que se atribui vida própria, conforme explica o profeta Habacuc (2,18). Eis o que claramente indica Habacuc, dizendo: “Ai daquele que diz ao pau: Acorda, e a pedra muda: Desperta” (Hc 2,19).

    A Bíblia reza no livro de Josué: “Josué prostrou-se com o rosto em terra diante da arca do Senhor, e assim permaneceu até à tarde, imitando-o todos anciãos de Israel” (Jos 7, 6). A arca do Senhor, ou como é conhecida popularmente a arca da Aliança, era a caixa que Moisés ondenou que fosse feita, e dentro dela estavam o cajado de Aarão, o Maná e as Tábuas dos 10 mandamentos. Vários objetos materiais, como a madeira na qual a caixa era feita e revestida de ouro. pedra a qual estavam os 10 mandamentos escritos. Mas Habacuc não diz que é maldito quem presta culto a madeira e a pedra? E sendo assim, terão sido idólatras Josué e os anciãos de Israel que se prostraram diante de pedra e madeira?

    Foi Deus ainda que ordenou a Moisés levantar uma “serpente” de metal (Nm 21, 8) e todos os que olhassem para ela seriam curados. Ora, que “olhar” é esse que confere uma cura milagrosa diante de uma estátua de metal?
Não soa um pouco estranho Deus mandar fazer uma imagem, e logo de uma serpente, a qual vemos lá em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia Sagrada, que representa o demônio a qual persuadiu Adão e Eva a comerem do fruto proibido? Além disso, porque deveriam olhar para essa imagem? O que isso tudo quer dizer? 

    Um dos símbolos dos Serafins é justamente a cobra alada, a cobra com asas, olhar para a serpente significaria olhar para Deus, pois os Serafins são chamas abrasadas perante Deus. E é por isso que Lucifer é representado como uma cobra, pois ele é um serafim, Lúcifer significa anjo de luz, agora fica fácil entender o fogo abrasado como um anjo que emite luz advindo do nome de Lúcifer.
Mas é mais do que óbvio que a imagem da serperte de metal ordenada por Deus que fosse feita nada teria a ver com Lúcifer, seria um erro grosseiro interpretar dessa forma. 
Então o que representa essa imagem que Deus mandou fazer?

    Temos as provas de como esse culto era já uma pré-figura do culto à Deus nas palavras de S. João, que diz que tal “serpente” era o símbolo do Cristo crucificado: “Bem como ergueu Moisés a serpente no deserto, assim cumpre que seja levantado o Filho do Homem” (Jo 3, 14).

    Por acaso caíram também Moisés e S. João, e até o Espírito Santo (autor da Sagrada Escritura) em crime de idolatria? É claro que não!

    A idolatria consistiria em achar que a divindade está em uma estátua, por exemplo. Ou seja, teríamos que colocar alimentos para as imagens, como faziam os romanos, os egípcios e os demais povos idólatras. Teríamos que achar que Deus e os santos são a mesma pessoa. No fundo, seria dizer que S. Benedito não é e nem foi S. Benedito, mas que ele é Deus, etc.

    Nunca se ouviu algum católico defendendo que algum Santo era Deus! Mesmo porque isso seria cair em um panteísmo (defendido por Calvino e Lutero em algumas de suas obras). Para se dizer que os católicos adoram os santos, eles teriam que dizer que S. Benedito, por exemplo, não é S. Benedito, mas Deus.
    E, ainda mais difícil, os católicos teriam que afirmar que S. Benedito é a estátua, uma espécie de amuleto mágico…

    Nenhum católico acredita que o santo seja Deus ou que ele seja a madeira da estátua (como uma divindade). Logo, não há idolatria possível, visto que esta consiste em adorar um falso deus.

    Alguns protestantes argumentam que só é possível fazer imagens quando Deus expressamente permite. Pergunta-se: onde está essa norma na Bíblia? É uma contradição dos protestantes, pois tudo para eles está na Bíblia, todavia, para condenar os católicos, não é necessária a Bíblia…

Devemos saber o que é uma idolatria.

    Existem quatro tipos básicos de cultos possíveis: dulia, hiperdulia, prototulia e latria. 

    A latria é o culto que se deve somente a Deus e consiste em reconhecer nele a divindade. Ou seja, reconhecer que ele é o Senhor de todas as coisas e criador de todos nós, etc.

    O culto de dulia é a veneração, que consiste em reconhecer em outra pessoa virtudes exemplares e impetratórias (intercessão). Seria reconhecer em alguém um modelo, uma grande admiração, por sua história de vida heróica ou exemplar.

    O culto de hiperdulia se deve somente à Mãe de Deus, é uma veneração especial e acima de todos os santos, visto que a Virgem Maria é a mais perfeita criatura criada por Deus, sem mancha de pecado e que Deus elevou a dignidade de ser sua própria Mãe e a chamou de bendita entre todas as mulheres. Deus não disse a criatura mais perfeita pois no momento já havia acontecido a encarnação do Verbo, ou seja, depois de Jesus, que também é criatura, por ser homem, sendo criatura e criador ao mesmo tempo, em ordem de veneração se encontra a Virgem Maria, a criatura mais perfeita criada por Deus. 

    Protodulia é o culto de veneração ao último dos patriarcas e que Deus confiou a missão sagrada de ser guarda de sua Mãe, ou seja São José, o mais justo entre os homens e espelho de diversas virtudes, por isso dentre todos os santos a veneração a São José vem em primeiro lugar.

    Os santos não possuem atributos divinos, mas sim virtudes que os tornam “semelhantes” a Deus. S. Paulo disse: “já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim”.

    Já viu alguma imagem católica que representasse um vício ou defeito? É claro que não, pois elas são “imagens” de pessoas virtuosas. Virtude essa que provém da graça de Deus. O mesmo não se dava na idolatria, pois os povos idólatras representavam as virtudes e os vícios em seus ídolos.

    O poder de interceder pelos vivos está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras. Como nas das Bodas de Canáa, onde Nosso Senhor não queria fazer o milagre, pois “ainda não havia chegado Sua hora” e “o que temos nós a ver com isso (com a falta de vinho)?”. Bastou Nossa Senhora pedir para que seu Filho fizesse o milagre, que Ele adiantou sua hora para atender à intercessão de sua Mãe Santíssima. Quer maior poder de interceder do que esse? Fazer com que Deus, por assim dizer, mudasse seus planos? É tal o poder de Nossa Senhora que a doutrina católica a chama de onipotência suplicante, ou seja, Aquela que tem, por meio de sua súplica a seu Filho, o poder onipotente! Ou seja, jamais Deus diria não a Aquela que realizava plenamente a sua vontade.

    Sobre os santos, também existem diversas passagens em que Deus só atende por meio da intercessão deles, como, por exemplo, no caso de Jó, em que Deus expressamente mandou que um dos que pediam a Ele pedisse através de seu servo Jó. Ou mesmo do discípulo de Santo Elias, que só fazia milagres quando pedia através do Deus de Elias.

    Ora, é natural que Deus atenda àqueles que estão mais perto dele do que àqueles que estão mais distantes. Quanto maior a virtude de uma pessoa, tanto mais perto de Deus ela está e tanto mais pode interceder.

    Quando a Sagrada Escritura diz que Nosso Senhor é o único caminho entre os homens e Deus, não quer dizer que entre os homens e Nosso Senhor não possa haver intercessores. É claro, só Nosso Senhor é o intercessor entre nós e Deus Pai, mas não significa que entre nós e Ele não existam degraus de pessoas que O conheceram, amaram e serviram de forma exemplar.

    Sobre a fotografia, só seria idolatria alguém rezar diante de uma fotografia se o que reza pensasse que a foto fosse Deus ou que a pessoa fotografada fosse Deus. Fora isso, não há problema em se rezar para alguém, quem quer que seja, se a intenção é crescer em virtude ou alcançar alguma graça por intercessão dela.

Deus proíbe a idolatria e não o uso de imagens

    O mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo em que proíbe que sejam feitas imagens, manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Ex 25, 18-20). Manda-lhe, também, fazer uma serpente de bronze e colocá-la por cima duma haste, para curar os mordidos pelas serpentes venenosas (Num 21, 8-9). Manda, ainda, a Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imagens de querubins, palmas, flores, bois e leões (I Reis 6, 23-35 e 7, 29).

    Ora, se Deus manda fazer imagens em várias passagens das Sagradas Escrituras (Ex 25, 17-22; 1Rs 6, 23-28; 1 Rs 6, 29s; Nm 21, 4-9; 1Rs 7, 23-26; 1 Rs 7, 28s; etc) e proíbe que se façam imagens em outras, de duas uma, ou Deus é contraditório, ou fazer imagens não é idolatria!

Portanto, fica claro que o erro não está nas imagens, mas no tipo de culto que se presta à elas.

    Os Judeus, saindo da dominação egípcia, um povo idólatra, tinham muita tendência à idolatria. Basta ver o que aconteceu quando Moisés desceu do Monte Sinai, com as Tábuas da Lei, e encontrou o povo adorando o “Bezerro de Ouro” como se ele fosse uma divindade, um amuleto. É claro, como permitir que um povo tendente à idolatria fosse fazer imagens.

    Nas imagens católicas se representam os santos, que são pessoas que possuem virtudes que os tornam “semelhantes” a Deus, como afirmou S. Paulo: “já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim“.

    Nas catacumbas encontram-se, em toda parte, imagens e estátuas da Virgem Maria; prova de que tal culto existia no tempo dos apóstolos e foi por eles praticado, ensinado e transmitido à posteridade. Uma das imagens de Nossa Senhora, segundo a tradição, foi pintada pelo próprio S. Lucas e está na catedral de Loreto, exposto à veneração dos fiéis.

    As imagens católicas representam pessoas virtuosas. Virtude essa que provém da graça de Deus. O mesmo não se dava na idolatria, pois os povos idólatras representavam as virtudes e os vícios em seus ídolos.

    O Concílio de Trento formalmente legitimou o uso das imagens: As imagens de Jesus Cristo, da Mãe de Deus, e dos outros santos, podem ser adquiridas e conservadas, sobretudo nas Igrejas, e se lhes pode prestar honra e veneração; não porque há nelas qualquer virtude ou qualquer coisa de divino, ou para delas alcançar qualquer auxílio, ou porque se tenha nelas confiança, como os pagãos de outrora, que colocavam a sua esperança nos ídolos, mas, sim, porque o culto que lhes é prestado dirige-se ao original que representam, de modo que nas imagens que possuímos, diante das quais nos descobrimos ou inclinamos a cabeça, nós adoramos Cristo, e veneramos os santos que elas representam (Sess XXV).

    O Concílio de Nicéia, o primeiro celebrado na Igreja, no ano de 325, sob o Papa S. Silvestre I e o imperador Constantino, defende o culto das imagens contra os iconoclastas, com um vigor admirável.

    Lê-se nos atos deste concílio: Nós recebemos o culto das imagens, e ferimos de anátema os que procedem de modo contrário. Anátema a todo aquele que aplica às santas imagens os textos da escritura contra os ídolos. Anátema a todo aquele que as chama ídolos. Anátema àqueles que ousam dizer que a Igreja presta culto a ídolos.
Para Refletir...

    A crença de que qualquer coisa material, seja madeira, pedra ou qualquer outra coisa possua poderes mágicos é encontrada em cultos da bruxaria por exemplo, onde esse tipo de crença afirma que o fogo a terra, o ar e a água possuem poderes mágicos, que de uma forma mais simples significa que a natureza e seus elementos tem poder. Algumas religiões também possuem essa crença, de que coisas materiais tem algum tipo de poder, por isso colocam alimentos na frente das imagens, como adoração, não ao que elas representam mas ao que elas são, deus para alguns é exatamente a matéria na frente deles. 

    Mas o problema desse tipo de idolatria (colocar coisas materiais no lugar de Deus) é um problema também nos dias de hoje. 

    Os católicos acreditam que não pode existir nenhum milagre, nenhuma cura que não venha diretamente de Deus ou seja por ele dispensada. 

    Por isso acreditar que algum tipo de pedra traz boa sorte, afasta as energias negativas, é idolatria, visto que nenhuma pedra tem poder, para os católicos, não é necessário nenhuma pedra, nenhum cristal e nem mesmo sal grosso, é suficiente a fé em Deus que é o dispensador das graças. 

    Nessa perspectiva, os milagres atribuídos aos santos e a Virgem Maria ou aos Anjos, e que são tão incontáveis como os grãos de areia em uma praia, não são realizados por Eles, e sim vindos diretamente das mãos de Deus, nem os santos nem a Virgem Maria tem poder por si mesmos, todas as curas e todos os milagres vem de Deus, mas os santos, os anjos e a Virgem Maria são grandes dispensadores da graça de Deus, pois estão diante do trono do Cordeiro suplicando dia e noite a interceder pelos habitantes da terra, como citado em Apocalipse.

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